Revista Criação & Crítica (Nov 2012)
Escritor-personagem e leitor cúmplice em Sérgio Sant'anna
Abstract
As narrativas de Sérgio Sant’Anna sugerem, pela exposição recorrente dos bastidores da criação literária (aqui entendida como gesto literário), que o discurso ficcional extrapola o espaço da literatura, repercutindo as relações dos indivíduos no “mundo real”. Em sua prosa é evidente a tentativa dos narradores de aproximarem o leitor para suas perspectivas, quando a narrativa assemelha-se a um jogo em que o prêmio é a cumplicidade deste a quem ela se dirige. Com isso, estende-se uma via de mão-dupla entre vida e imaginário, de modo que uma constitui e é constituída pelo outro. Como afirma Carlos Santeiro, personagem de Um romance de geração, trata-se das “possibilidades possíveis” do texto para além do texto, uma vez que o acordo entre narrador romanesco e leitor – e que sustenta o acontecimento literário – carrega muito dos pressupostos das diversas instâncias discursivas entre indivíduos, ficcionais ou não.
Keywords