Lua Nova: Revista de Cultura e Política (Jan 2008)
A revolução russa e o sistema internacional The Russian Revolution and the international system
Abstract
Tomando-se como ponto de partida a análise de Henry Kissinger sobre o assunto, é concebível, embora raro na prática, distinguir a intensidade revolucionária interna de certo regime da maneira como ele se insere no sistema internacional, dependendo, é claro, de sua maior ou menor tolerância em relação ao elemento revolucionário. É por isso que o exemplo dado por Kissinger de "política exterior revolucionária", isto é, da que põe em causa o sistema mesmo, é o da Alemanha nazista, não o da Rússia da Revolução. Essa constatação contraria a percepção que tinham do papel internacional da Revolução Russa tanto seus autores e herdeiros quanto os contemporâneos e sucessores nas democracias parlamentares européias e nos Estados Unidos e que haveria de se prolongar por toda a duração da Guerra Fria. Vale a pena, assim, explorar os motivos históricos da diferença entre percepção e realidade.Out of Henry Kissinger's analysis about the subject, it is conceivable, though rare in practice, to distinguish the internal revolutionary intensity of a country's political rule from the way it finds a room in the international system - depending, of course, on the level of flexibility that the system itself affords to the revolutionary element. That is why Kissinger gives Nazi Germany as an instance of "revolutionary external policy", and not revolutionary Russia. That contradicts the perception of their own protagonists and heirs as well as the contemporary observers, and their successors, of the European parlamentary democracies and the United States - a view resilient enough to persist along all the Cold War era. So that it is worthwhile to explore the historical reasons of the break between perception and reality.
Keywords