Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
IMPACTO DO PROJETO SAÚDE EM NOSSAS MÃOS NA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO ASSOCIADA A CATETER VENOSO CENTRAL NO ESTADO DE SERGIPE
Abstract
Introdução: As infecções relacionadas ao acesso venoso central (IPCS) implicam, rotineiramente, em desfechos desfavoráveis, muitas vezes fatais, aos pacientes hospitalizados. No Brasil, em 2021, a densidade de incidência de IPCS foi de 5,2. No estado de Sergipe, nos 14 serviços que notificaram casos da infecção, foi observada uma densidade de 3,2. Apesar da gravidade relacionada à infecção, medidas simples, como a higiene das mãos, são frequentemente eficazes na sua prevenção. Diante desse cenário, o projeto Saúde em Nossas Mãos visa o estabelecimento de boas práticas para evitar as Infecções relacionadas à Assistência à Saúde (IrAS) em unidades de terapia intensiva. O presente estudo avaliou a eficácia desse projeto na prevenção de IPCS em um hospital de grande porte no estado de Sergipe. Metodologia: Foi realizado um estudo analítico e longitudinal acerca dos dados obtidos a partir da implementação do projeto Saúde em Nossas Mãos na UTI adulto de um hospital filantrópico de grande porte estado de Sergipe, no período de maio de 2022 a maio de 2023. Foi utilizado um instrumento de coleta estruturado aplicado semanalmente pelos pesquisadores. Foi realizado um estudo analítico e longitudinal acerca dos dados obtidos a partir da implementação do projeto “Saúde em Nossas Mãos” na UTI adulto de um hospital filantrópico de grande porte, no período de maio de 2022 a maio de 2023. Foi utilizado um instrumento de coleta estruturado aplicado semanalmente pelos pesquisadores, observando dados acerca da inserção e manutenção de acesso venoso central, bem como a ocorrência de IPCS. Resultado: No período observado, foram acompanhados 1797 pacientes em uso de Acessos Venosos Centrais (AVC), com uma média de 138,2 pacientes AVC/mês. O total de IPCS notificadas no período de 13 meses foi de 4 casos, sendo a densidade de incidência de 2,2 IPCS/1000 CVC-dia. Nos 3 primeiros meses de implementação do projeto, foram observados os maiores números de infecção, com a incidência variando de 0,42% a 0,48%. Ao longo dos meses, foi observada uma redução gradual no número de IPCS, com a densidade de incidência dos primeiros 6 meses de 2,76 IPCS/1000 AVC-dia e dos últimos 6 meses de 0 IPCS/1000 AVC-dia, uma redução de 97%. Conclusão: O estudo evidenciou que as medidas implementadas pelo projeto Saúde em Nossas Mãos foram capazes de reduzir a incidência de IPCS, reiterando a importância do projeto como medida complementar no controle de IrAS, notadamente das IPCS.