Fractal: Revista de Psicologia (Apr 2023)

As mulheres em Lolita: um discurso violento sobre a sexualidade feminina

  • Renata Wirthmann Gonçalves Ferreira,
  • Sandra Siqueira Souza

DOI
https://doi.org/10.22409/1984-0292/2023/v35/38140
Journal volume & issue
Vol. 35

Abstract

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Resumo O presente artigo pretende construir uma leitura psicanalítica sobre as mulheres presentes em ‘Lolita’, obra literária de Vladimir Nabokov, publicada em 1955. O livro é a autobiografia de Humbert Humbert, de 38 anos, que tem como objeto de amor uma garota de 12 anos, a quem ele nomeia como ninfeta. O narrador defende a existência de duas categorias femininas diferentes. A primeira é atribuída às mulheres adultas, nomeadas como agentes paliativos por serem permitidas por Lei a se relacionarem sexualmente com homens; e a segunda, às diabólicas ninfetas, seu verdadeiro objeto de desejo. Partindo de uma leitura freudolacaniana sobre o feminino e apoiada nos estudos da filósofa Simone de Beauvoir sobre as categorias de representação social das mulheres, o artigo realizou um percurso a partir da fala do narrador Humbert Humbert, criador de tais categorias do feminino, para a investigação do conceito sobre fetichismo. Foi possível concluir que o discurso acerca da sexualidade feminina se constitui para benefício exclusivo de Humbert Humbert, que determina e goza com a nomeação de mulheres, ou seja, ao falar sobre o feminino, o narrador nos ajuda a produzir UM saber, voltado, na verdade, para a sexualidade masculina.

Keywords