Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

CARACTERIZAÇÃO DA ATIVAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DAS CÉLULAS DENDRÍTICAS EM MODELO ANIMAL DE ANEMIA FALCIFORME

  • MA Souza,
  • IF Paes,
  • FF Costa,
  • R Sest-Costa

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S117

Abstract

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Objetivos: A Anemia Falciforme (AF) é uma hemoglobinopatia que causa deformação das hemácias devido à polimerização da hemoglobina S, tornando-as mais suscetíveis a rupturas. Moléculas liberadas na hemólise, como heme e hemoglobina, podem ativar células dendríticas (DCs), desencadeando resposta inflamatória e estresse oxidativo. Neste estudo, caracterizamos as subpopulações de DCs durante a doença falciforme quanto a sua ativação, distribuição e desenvolvimento durante a AF. Materiais e métodos: Foram utilizados camundongos transgênicos fêmeas homozigotos Townes (SS) (modelo de AF) e seus controles, camundongos selvagens Townes (AA), para a fenotipagem de DCs e seus progenitores nos linfonodos periféricos, baço e medula óssea por citometria de fluxo. A diferenciação in vitro de DCs foi realizada incubando células da medula óssea com flt3l por 9 dias. Resultados: Os animais com AF (SS) mostraram uma diminuição na porcentagem de DCs totais no baço e na medula óssea e um aumento na porcentagem dessas células nos linfonodos em comparação com o grupo controle (AA), enquanto o número absoluto de DCs aumentou nos três órgãos de camundongos SS. Em relação à proporção de subpopulações de DCs, houve um aumento significativo na porcentagem de células dendríticas convencionais do tipo 1 (cDC1s) em todos os órgãos dos animais com AF, enquanto a porcentagem relativa de células dendríticas plasmocitoides (pDCs) foi significativamente menor na medula óssea e maior nos linfonodos. Além disso, as pDCs dos camundongos SS mostraram um fenótipo mais maduro nos três órgãos analisados, como observado por um aumento significativo na expressão de Sca-1. Por outro lado, tanto cDC1 quanto cDC2 dos camundongos SS mostraram um perfil mais imaturo, como observado pela menor expressão de MHC-II e CD86. A análise dos progenitores de monócitos e DCs (MDP), os quais são Lin-CD135+CD117+CD115+, e os progenitores de DCs (CDP), que são Lin-CD135+CD117-CD115+ na medula óssea, mostraram que há um acúmulo na proporção de MDPs e uma diminuição de CDPs na medula óssea de camundongos SS. A diferenciação in vitro de DCs revelou que células da medula óssea de animais SS se diferenciaram nos três subtipos de DCs de maneira semelhante aos controles em condições controladas. Discussão: A menor proporção de DCs na medula e o aumento no baço e nos linfonodos sugere uma maior migração dessas células após uma ativação. Aliado a isso, o perfil mais imaturo das células pode refletir uma alteração na ativação de células T, afetando assim o sistema imune adaptativo. Ainda, a diferença observada na porcentagem das diferentes subpopulações de DCs e em seus progenitores indica uma mudança no desenvolvimento ou morte das subpopulações de DCs durante a AF que pode ocorrer desde o estágio de desenvolvimento. Por fim, uma vez que a diferenciação in vitro não reproduziu as proporções das subpopulações de DCs vista em ex vivo, podemos concluir que a alteração no desenvolvimento de DCs em camundongos SS se deve ao ambiente inflamatório, em vez de um defeito intrínseco de DCs ou dos progenitores. Conclusão: Esses dados podem nos ajudar a entender o comportamento das células dendríticas durante a AF, tanto em termos da proporção/distribuição de seus subtipos quanto de sua influência no quadro inflamatório da doença.