Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

OR-45 - MYCOBACTERIUM KANSASII EM PACIENTES COM CÂNCER: SÉRIE COM 15 CASOS

  • William Kazunori Sekiguchi,
  • Adriana S.G.K. Magri,
  • Raquel K.D.L. Ito,
  • Odeli N.E. Sejas,
  • Karim Y. Ibrahim,
  • Edson Abdala,
  • Patricia R. Bonazzi

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 103920

Abstract

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Introdução: Mycobacterium kansasii é considerada uma das Micobactérias não tuberculosas (MNT) mais patogênicas e a segunda espécie mais descrita na América do Sul. Casos têm sido descritos em pacientes oncológicos, mas fatores de risco, apresentação clínica e evolução da doença não estão bem estabelecidos na literatura. Objetivo: Descrever a epidemiologia, apresentação clínica e evolução dos casos de M. kansasii em pacientes com câncer. Método: Estudo retrospectivo, em que foram identificados pacientes, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, com cultura para MNT positiva, realizada no período de janeiro de 2011 a setembro de 2023. Dentre estas, os casos de M. kansasii foram selecionados e classificados de acordo com o critério diagnóstico da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas (IDSA). As variáveis avaliadas foram: idade, sexo, doença oncológica, sítio de infecção, comorbidades, tratamento e evolução. Resultados: Sessenta e sete pacientes com cultura positiva para MNT foram identificados. M. kansasii foi a espécie mais comum, com 19 casos (28%), seguida por M. gordonae (13 casos: 19%). Quatro casos de M. kansasii não fecharam critério para infecção. Foram avaliados, 15 pacientes. A média de idade foi 61 anos e 60% foram homens. Doença pulmonar foi a apresentação clínica mais comum (11 casos), com o agente identificado em 2 amostras de escarro ou uma, de lavado broncoalveolar. Em 1 paciente, houve o crescimento de M. kansasii em cultura de sangue e linfonodo. Onze ocorreram em pacientes com tumor sólido (73%) e 4 em oncohematológicos. Câncer de laringe foi a neoplasia mais frequente, com 3 casos (20%). Tabagismo esteve presente em 10 pacientes (67%) e etilismo, em 4 (27%). Seis pacientes não foram tratados, mas 3 destes, foram diagnosticados “post-mortem”. Outros 6, foram tratados com 4 drogas. Óbito ocorreu em 75% dos pacientes oncohematológicos e 18% dos tumores sólidos. Conclusão: Em nossa série, M. kansasii foi a MNT mais prevalente. Fatores de risco descritos na literatura como: tabagismo, etilismo, tuberculose prévia, câncer de laringe e esôfago, foram encontrados. Doença disseminada foi incomum e ocorreu em paciente com neoplasia hematológica. A mortalidade é elevada e o diagnóstico foi “post-mortem” em 3 casos, reforçando a importância da suspeita clínica e do aprimoramento dos métodos diagnósticos.