Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)

O avanço da epidemia de hiv/aids no rio grande do sul e o impacto no custo com antirretrovirais do esquema preferencial inicial de tratamento

  • Luciana Eberle,
  • Aurea Dias de Farias

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2019.v4.s1.p.86
Journal volume & issue
Vol. 4, no. s.1

Abstract

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Introdução: Os medicamentos antirretrovirais (ARVs) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do vírus HIV no organismo, ajudando a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico e aumentando o tempo e a qualidade de vida de indivíduos infectados. Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente os antirretrovirais para todos que necessitam do tratamento. O Estado do Rio Grande do Sul (RS) atende mensalmente em torno de 50.000 usuários em terapia antirretroviral (TARV). O avanço da epidemia do HIV implica no aumento dos gastos com medicamento, principalmente do esquema inicial preferencial, previsto no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos.Objetivo: avaliar o custo da TARV em pacientes que iniciaram o tratamento no RS a partir da implantação das mudanças de esquema preferencial inicial do Protocolo Clínico em 2017. Métodos: levantamento do número de usuários que iniciaram TARV (combinação de tenofovir 300mg e lamivudina 300mg associado ao dolutegravir 50mg, uma vez ao dia), bem como, os custos totais de aquisição desses medicamentos para o Ministério da Saúde, de maio de 2017 a maio de 2019, no RS. Resultados: Entre maio de 2017 e maio de 2019 um total de 10.586 usuários iniciaram a terapia ARV no Rio Grande do Sul, ao custo de R$ 48.971.577,00 reais com uma média geral de 423 novos usuários ao mês. O primeiro semestre de 2019 sinaliza uma média de 379,6 usuários novos ao mês, representando uma queda de 14% em relação ao primeiro ano de implantação da TARV. Ainda assim, a incidência permanece alta, elevando mês a mês os custos com o tratamento, que é contínuo. Políticas voltadas à prevenção e diagnóstico precoce da infecção são fundamentais, pois pessoas vivendo com HIV sem conhecimento de sua condição sorológica, além de não usufruírem dos benefícios do tratamento, perpetuam a cadeia de transmissão do vírus, contribuindo para a expansão da epidemia. Conclusão: Apesar da leve diminuição da incidência da doença, o aumento nos custos com os novos tratamentos mês a mês, reforça a ideia de que se faz necessário implementar políticas de prevenção e detecção precoce, através de esforços mais abrangentes de todos os atores envolvidos.