Revista de Estudos da Linguagem (Mar 2016)

Repensando o conceito de diglossia à luz de Michel de Certeau

  • Miguel Afonso Linhares,
  • Claudiana Nogueira de Alencar

DOI
https://doi.org/10.17851/2237-2083.24.2.492-518
Journal volume & issue
Vol. 24, no. 2
pp. 492 – 518

Abstract

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O presente trabalho consiste em uma reflexão sobre o conceito de diglossia, uma palavra cuja especialização semântica nos estudos linguísticos se deu através de Jean Psichari em 1885. Não obstante, veio ganhar precisão teórica apenas em 1959, por Charles Ferguson. A partir da publicação do seu artigo, o conceito teve um sucesso imediato na Sociolinguística. Este artigo segue a esteira dessas discussões, com o objetivo de repensar o sujeito falante da “variedade baixa” ou “língua dominada”. Para tanto, valemo-nos da reflexão de Michel de Certeau (1994) sobre o cotidiano, especialmente das categorias de estratégia e de tática. Na primeira seção do artigo, traçamos um percurso pela história do termo diglossia, desde os seus significados nos primeiros testemunhos até a sua consolidação como conceito científico através de Ferguson (1959) e Fishman (1967). A seguinte é um encaminhamento à reflexão: expomos uma leitura crítica dos artigos mencionados e algumas críticas por parte de outros sociolinguistas. A terceira é o lugar de dar algumas informações sobre o caso de diglossia que serve de fundamento e ilustração à reflexão: a diglossia espanhol-catalão na Catalunha. Enfim, na quarta o leitor alcança a reflexão almejada: o sujeito falante da “variedade baixa” ou “língua dominada” não é um mero paciente em uma relação alto-baixo ou dominante-dominado, mas também um agente no campo hegemônico, que usa de táticas para contra-arrestar a dominação.

Keywords