Revista Lusófona de Estudos Culturais (Jun 2019)

Centros de reeducação em Moçambique (1975-1985): memórias, silêncios e discursos jornalísticos

  • Orquídea Ribeiro,
  • Daniela da Fonseca

DOI
https://doi.org/10.21814/rlec.389
Journal volume & issue
Vol. 6, no. 1

Abstract

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No período pós-independência, o objetivo da Frelimo era “livrar a sociedade moçambicana de mazelas associadas ao mundo colonial, burguês e capitalista, rumo à construção do Homem Novo, que passava necessariamente por um processo de “reeducação”, no interior do qual os indivíduos seriam introduzidos numa nova ordem” (Thomaz, 2008, p. 179). Esta nova ordem implicava “trabalho disciplinado, despojamento material, superação de antigas lealdades (étnicas, religiosas, de classe, de raça, regionais) e comportamento moral inatacável” sinónimo do “ideal de Homem Novo” (Thomaz, 2008, p. 179). Os artigos publicados em jornais moçambicanos da época contrastam com os textos dos media internacionais. Ungulani Ba Ka Khosa apresenta, em Entre as memórias silenciadas (2013), um retrato de Moçambique nos primeiros anos do período pós-independência com a ficção a alertar para a necessidade de desafiar e recuperar as memórias silenciadas dos campos de reeducação instituídos pelos dirigentes da Frelimo para construir/educar um “Homem novo”. Ba Ka Khosa (2013) procura desmistificar e exorcizar a história do passado recente com um texto que (re)visita a realidade moçambicana no período pós-independência, que para os reeducandos foi sinónimo de violência, sofrimento e exclusão da história e da memória. Como um dos autores mais provocadores da contemporaneidade moçambicana, Ba Ka Khosa “dilui o passado no presente, a ficção na realidade, fazendo da literatura um vivaz espaço para o debate político” (Gallo, 2013, p. 293). Esta comunicação propõe-se analisar a obra de Ungulani Ba Ka Khosa em paralelo com os textos publicados nos meios de comunicação nacionais e internacionais.

Keywords