Mana (Apr 2003)

Semelhança e verossimilhança: horizontes da narrativa etnográfica

  • João de Pina Cabral

DOI
https://doi.org/10.1590/S0104-93132003000100006
Journal volume & issue
Vol. 9, no. 1
pp. 109 – 122

Abstract

Read online

Este ensaio se desenvolve a partir da noção de que uma condição indispensável para a comunicação é que o emissor e o receptor, por um lado, aceitem que são semelhantes e, por outro, partilhem de um contexto de semelhança. Esta semelhança estabelece os parâmetros de avaliação da mensagem. Assim, a semelhança é condição da verossimilhança. Estas considerações, inspiradas em uma leitura da obra de Donald Davidson, são usadas neste texto para abordar algumas das implicações culturais do fenômeno da tradução (visto à luz do conceito quiniano de "indeterminação"), assim como da prática etnográfica. Como exemplo, recorre-se à proto-etnografia quinhentista de Duarte Barbosa - tornada famosa pela sua descrição dos Nayar.This essay starts out from the notion that an indispensable condition for communication is that the sender and receiver (a) accept they are similar, and (b) share a context of similarity. This similarity sets the parameters for the message’s evaluation. Thus similarity is a condition of verisimilitude. Inspired by Donald Davidson’s work, the text makes use of his above ideas as a means of approaching some of the cultural implications of both the phenomenon of translation (seen in the light of the Quinean concept of ‘indeterminacy’) and the practice of ethnography. As an example, the essay turns to Duarte Barbosa’s 16th century proto-ethnography, made famous by his description of the Nayar.

Keywords