Saúde e Sociedade (Dec 2010)

Consciência do direito ao atendimento odontológico entre usuários de uma clínica de ensino Awareness regarding the right to dental care among users of a teaching clinic

  • Elaine Toledo Pitanga Fernandes,
  • Efigênia Ferreira e Ferreira

DOI
https://doi.org/10.1590/S0104-12902010000400021
Journal volume & issue
Vol. 19, no. 4
pp. 961 – 968

Abstract

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Este estudo teve por objetivo identificar o conhecimento dos usuários de uma clínica de ensino quanto aos direitos básicos relativos às possibilidades de atendimento odontológico. Utilizou-se como instrumento, entrevista estruturada, realizada com 56 usuários (estimativa de proporção). Observou-se que o ingresso nesse serviço de saúde é bem distante do que se poderia definir como consciência cidadã. Os usuários conseguem o atendimento por amizade (32,1%) ou através da emergência (28,6%), quando não conseguem, a alternativa mais apontada passa a ser a clínica privada (42,8%), sinalizando que o direito constitucional à saúde não é incorporado pela população deste estudo, que tenta solucionar seus problemas de maneira individual e com recursos próprios. Mesmo em casos de emergência (dor), percebe-se a continuação dessa postura (50%). Apenas quatro indivíduos buscaram atendimento no setor público, o que reforça o desconhecimento do direito básico ao atendimento em saúde e das outras alternativas que o serviço organizado oferece. A caracterização de que um serviço dessa natureza se constitui em uma benesse é confirmada quando 76,8% dos entrevistados declararam desconhecer quem financia seu tratamento e 42,8% não fariam reclamações, apesar de insatisfeitos com o serviço. Apesar do trabalho de esclarecimento realizado pela instituição junto aos usuários, ainda se observa a falta de informação sobre direito e cidadania, fator que impede a participação política. A comunidade entrevistada não apresenta características de grupo consciente dos direitos relativos ao atendimento odontológico.The aim of this study was to identify the knowledge users of a teaching clinic have regarding basic rights related to the possibilities of dental care. A structured interview was conducted with 56 users (proportion estimate). Upon entering the healthcare service, users are far from what could be described as aware citizens. They obtain care through friendship (32.1%) or cases of urgency (28.6%). When they do not obtain care, the most mentioned alternative is a private clinic (42.8%), which indicates that the constitutional right to healthcare is not incorporated by the population of the present study, as they attempt to solve their problems individually and with their own resources. This line of thinking remains (50%) even in cases of urgency (pain), as only four individuals reported they would seek care in the public sector. This underlines the lack of knowledge of the basic right to healthcare and other alternatives that the organized public clinic offers. The characterization that a service of this nature performs favors is confirmed, as 76.8% of the interviewees reported not knowing who finances their treatment and 42.8% would not file complaints despite being dissatisfied with the service. In spite of the explanatory work carried out by the institution, users still do not have information about their rights and citizenship, a factor that prevents political participation. The interviewed community does not display the characteristics of a group that is aware of their rights regarding dental care.

Keywords