Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM MODELO PREDITIVO PARA ALFA-TALASSEMIA EM PORTADORES DE TRAÇO FALCIFORME BASEADO NA CONCENTRAÇÃO DA HBS

  • JPS Jaschke,
  • ACM Berti,
  • IS Dias,
  • LAS Junior,
  • BBV Marques,
  • EB Júnior

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S165 – S166

Abstract

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Objetivo: Desenvolver modelo preditivo, usando a concentração da Hb S, como ferramenta de diagnóstico de alfa talassemia em portadores de traço falciforme. Metodologia: Foram analisados 241 indivíduos adultos com traço falciforme. Desses, 16 com alfa-talassemia em homozigose (–α3.7/–α3.7), 86 com alfa-talassemia em heterozigose (–α3.7/αα) e 139 sem coerança de alfa talassemia. Análises cromatográficas por HPLC (Ultra2 Resolution e Premier Resolution, Trinity Biotech) foram utilizadas para caracterização dos perfis de Hb e as análises moleculares para Hb S (PCR-RE) e alfa talassemia (GAP PCR-Multiplex) foram aplicadas para confirmação de diagnóstico. As análises estatísticas incluíram a construção de curvas ROC e o cálculo do índice de Youden para determinar valores de corte específicos da Hb S nos diferentes grupos. Resultados: As concentrações de Hb S obtidos nos dois equipamentos, Ultra2 e Premier, respectivamente, foram: grupo Hb AS sem alfa-talassemia foi 38,2 ± 1,6% e 38,8 ± 2,1%, grupo Hb AS (–α3.7/αα) 32,9 ± 1,4 % e 31,3 ± 1,35% e grupo Hb AS (–α3.7/–α3.7) 26,4 ± 2,5% e 25,7 ± 1,7% com diferença estatística (p < 0,05) avaliada nos dois equipamentos. No grupo Hb AS (–α3.7/αα), o valor de corte da Hb S, para o Ultra2, foi de 35,35% com 99% de sensibilidade (S), 97% de especificidade (E) e 0,998 de área sob a curva ROC (AUC) e, para o Premier, foi de 34,6% com 100% de S, 97,7% de E e 1 de AUC. No grupo Hb AS (–α3.7/–α3.7), o valor de corte da Hb S, para o Ultra2, foi de 31,05% com 100% de S, 95,4% de E e 0,994 de AUC e, para o Premier, foi de 28,65% com 100% de S, 100% de E e 1 de AUC. Discussão: A α-talassemia é uma hemoglobinopatia subdiagnosticada, especialmente em portadores de traço falciforme, devido à complexidade e ao custo dos métodos diagnósticos convencionais. A base molecular da coerança de α-talassemia em indivíduos portadores de Hb S justifica os valores diferenciais encontrados nos grupos (1) sem α+-talassemia (genótipo αα/αα), (2) heterozigotos (αα/–α3.7kb ou αα/–α4.2kb) e (3) homozigotos para α+-talassemia (–α3.7kb/–α3.7kb), uma vez que a redução de cadeias α-globinas leva à diminuição da formação de tetrâmeros α2βSS2 (Hb S). Assim, este estudo demonstrou um modelo preditivo utilizando a concentração da Hb S, quantificada por HPLC, para identificar a presença dessa hemoglobinopatia em indivíduos com traço falciforme. Este estudo fornece base para futuras pesquisas com maior amostragem para validar o modelo preditivo em diferentes populações, com potencial para reformular o diagnóstico e o tratamento das hemoglobinopatias em ambientes de recursos limitados. Além disso, pode ser um norteador de direcionamento de tratamento e manejo de traços falciformes com microcitose e hipocromia persistente sem deficiência de ferro. Conclusões: O modelo baseado na concentração de Hb S provou ser uma ferramenta diagnóstica promissora para a detecção de α-talassemia em portadores de traço falciforme, oferecendo um método menos invasivo e mais econômico. Esta abordagem pode melhorar significativamente o manejo clínico e a alocação de recursos em locais e sistemas com recursos limitados.