Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DA DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL DURANTE O PERÍODO DE 2018 ATÉ 2023

  • Bianca Rios Sampaio,
  • Ana Luiza Borges Resende,
  • Lara Cristina Alves Oliveira da Cruz

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103504

Abstract

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Introdução/objetivo: A doença de Chagas é uma patologia infecciosa causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi e é transmitida pelo contato com as fezes do vetor, inseto conhecido popularmente como ‘’barbeiro’’. Pode ser transmitida,também, pela via oral através da ingestão de alimentos contaminados com o parasita, de mãe para filho ou de forma congênita. Manifesta-se, inicialmente, por um quadro febril, vermelhidão, sinal de Romanã que, costumam desaparecer após alguns dias, o que dificulta a conduta terapêutica, pois a patologia pode evoluir de forma silenciosa e sistêmica. O quadro clínico é caracterizado por uma miocardite fibrosante progressiva e crônica, além de hepato e esplenomegalia. O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, como o exame parasitológico e o sorológico. Deste modo, o seguinte estudo objetiva analisar o perfil epidemiológico dos casos de Chagas no Brasil durante o período de 2018 até 2023. Métodos: Utilizou-se o sistema de informações Tabnet do Sistema Único de Saúde (SUS), no qual foi possível filtrar os dados de notificação do período de 2018 a 2023, os estratos de modo de transmissão, casos por região do Brasil e as zonas de residência. Buscou-se um comparativo da quantidade de casos entre as regiões de todo Brasil para a observação de prevalência e, com os cálculos, encontrou-se uma significativa taxa de prevalência na região Norte. Resultados: No período dos últimos cinco anos analisados observou-se cerca de 331 casos de doença de chagas no Brasil, sendo que foram notificados 11 casos no ano de 2020 e 320 casos no ano de 2021. A prevalência por região no ano de 2020 foi de 95% na região Norte. Além disso, 100% das zonas de residências foram ignoradas no preenchimento da ficha de notificação, o que dificulta a elaboração de políticas públicas voltadas ao foco da doença. Ademais, dentro o modo mais frequente de transmissão têm-se a via oral, constituindo aproximadamente 87% dos casos totais, o que denota a falta de conscientização quanto ao preparo correto dos alimentos. Conclusão: A ausência de uma investigação eficaz determina o desconhecimento da real incidência de agravos decorrentes da Doença de Chagas. A divulgação das diferenças ecoepidemiológicas, considerando os fatores socioeconômicos e ambientais, entre as regiões, afetam e modelam os perfis da doença. É essencial para melhor compreensão da patologia o aperfeiçoamento das ações de prevenção e o aumento na precocidade do diagnóstico.

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