Medicina (Aug 2021)
Do ensino remoto emergencial ao ensino híbrido no curso de Ciências Biológicas: a nossa visão a partir do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP)
Abstract
A formação de biólogos baseia-se fortemente em um currículo presencial, incluindo inúmeras atividades práticas de laboratório e campo. Essa estrutura foi abruptamente abalada pela pandemia em 2020, forçando-nos a uma mudança para o ensino remoto emergencial (ERE). Sobrevivemos e nos adaptamos. Agora é hora de refletirmos com calma sobre a nossa prática docente. Que tal aproveitar o que aprendemos no calor da batalha e pensar em uma futura evolução do ERE para o ensino híbrido no curso de Ciências Biológicas do IB-USP? Assim como ocorre evolução biológica e cultural, é natural que a nossa prática docente e o processo de ensino-aprendizagem também evoluam. Cometemos erros e acertos, e as nossas experiências oferecem uma oportunidade de abraçar o processo de adaptação e evoluir. É importante ressaltar que o hibridismo em um curso de Ciências Biológicas, por definição, não envolve abolir experiências práticas presenciais que fomentem habilidades e competências fundamentais para a atuação profissional de biólogos. Não defendemos aqui uma migração integral para a educação a distância (EAD) ou os cursos abertos online em massa (MOOC), mas a incorporação de aprendizados e ferramentas obtidos durante o ERE. O ensino híbrido, além de valorizar significado e contexto, pode facilitar que cada aluno estabeleça o seu próprio ritmo de estudo. Ele permite ao estudante um papel ativo na aprendizagem autônoma e na exploração de novos conteúdos, dentro de limites de organização e prazos de aprendizado. Isso pode ainda aumentar o aproveitamento das atividades práticas de laboratório e campo, e de outras que são mais produtivas em modo presencial. O ensino híbrido, com boa parte do conteúdo passada de forma remota, torna a experiência de aprendizagem mais agradável e possibilita a construção do conhecimento de forma mais colaborativa, ativa e integrativa. É notório que estamos enfrentando um dos maiores desafios da nossa era. Felizmente, temos a oportunidade de unir as nossas experiências e aumentar a eficiência do processo ensino- aprendizagem, assim como promover uma maior inclusão e acolhimento nas nossas turmas.