Revista de Estudos da Linguagem (Jun 2017)

Um estudo experimental do processamento de metáforas do português brasileiro / An experimental study on Brazilian Portuguese metaphor processing

  • Antonio João Carvalho Ribeiro,
  • Adiel Queiroz Ricci

DOI
https://doi.org/10.17851/2237-2083.25.3.1501-1536
Journal volume & issue
Vol. 25, no. 3
pp. 1501 – 1536

Abstract

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Um estudo experimental do processamento psicolinguístico de metáforas nominais do português brasileiro (X é um Y), p. ex., “Irene é um furacão”, foi realizado com o objetivo de evidenciar, a partir de tempos de leitura (RTs), a compreensão de expressões familiares, high-apt (“bem construídas”) e cujo veículo se acha convencionalizado. Na primeira fase da pesquisa, realizaram-se dois norming studies (“estudos normativos”) com vistas ao ranqueamento de metáforas nominais (p. ex. “Algumas mulheres são furacões”) em relação a familiaridade, aptness (“adequação”) e convencionalidade. Na segunda fase da pesquisa, um experimento de leitura automonitorada (self-paced, non-cumulative, moving-window reading) foi conduzido, recorrendo, para a composição dos estímulos, às metáforas, p. ex., “Irene é um furacão”, que alcançaram, nos estudos normativos da primeira fase, ratings (ou “classificações”) de “muito familiares”, “very high-apt’’ e “altamente convencionalizadas”. Evidências do português brasileiro em favor do processamento direto de metáforas foram obtidas, conforme preconiza o modelo de Class-inclusion, de Glucksberg e Keysar (1990), pois não se revelaram diferenças significativas entre os RTs médios nas três condições: “metáfora”, “literal” e “declaração literal de inclusão em classe”, em contraposição aos achados de Janus e Bever (1985), que observaram tempos de leitura de metáforas novas significativamente maiores do que os de expressões literais, conforme as predições do Modelo Pragmático Padrão de processamento indireto.

Keywords