Trans/Form/Ação (Jan 2009)

Kant e a admiração da natureza Kant and nature admiration

  • Ulisses Razzante Vaccari

DOI
https://doi.org/10.1590/S0101-31732009000100006
Journal volume & issue
Vol. 32, no. 1
pp. 85 – 94

Abstract

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O parágrafo 62 da Crítica do Juízo, cuja função é definir o conceito de conformidade a fins objetiva (objektive Zweckmässigkeit), começa com uma declaração do filósofo segundo a qual todas as figuras geométricas se relacionam com uma conformidade a fins objetiva e admirável. Embora não seja aqui essencial para a definição do princípio dessa conformidade a fins, a afirmação de Kant de que ela é muitas vezes digna de admiração exerce um importante papel para a sua própria definição. O objetivo deste texto é tecer algumas considerações em torno dessa relação entre o princípio estritamente lógico da conformidade a fins e o sentimento em geral, seja de admiração da natureza, ou em todas as suas variações, tais como aparece na sequência do mesmo parágrafo 62: o entusiasmo, a alegria e a estupefação. Embora de antemão se reconheça que tais sentimentos não podem intervir no mecanismo estritamente lógico desse princípio, que, segundo Kant, é transcendental, pretende-se mostrar como o seu uso relaciona-se sempre e de algum modo com um sentimento. Para isso, é preciso mostrar que a afirmação de Kant segundo a qual o juízo teleológico não possui nenhuma relação com o sentimento de prazer e desprazer não implica necessariamente que esse tipo de juízo não possua relação nenhuma como nenhum tipo de sentimento.Paragraph 62 of the Critique of Judgment, which was designed by Kant to define the concept of objective finality (objektive Zweckmässigkeit), begins with a statement of the philosopher, which says that all geometrical figures relates itself to a admirable and objective finality. Even though it is not key to defining the principle of this finality here, Kant's declaration that more often than not it is worth admiration plays a significant role in its very definition. The purpose of this paper is to discuss how the strictly logical principle of finality relates to general sentiment, either as admiration of nature or throughout the range of all of its variations, as subsequently shown in this very paragraph 62: Enthusiasm, joy, and stupefaction. Admittedly, such sentiments cannot intervene in the strictly logical mechanism of said principle, which is transcendental for Kant, still this paper will try to show how its usage relates to a sentiment at all times somehow. This requires showing that Kant's declaration that the teleological judgment holds no relation with the pleasure and displeasure sentiment does not necessarily imply that this type of judgment does not relate to any type of sentiment at all.

Keywords