Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
PERFIL DE ÓBITO POR LINFOMA NÃO-HODGKIN DIFUSO NOS ÚLTIMOS 10 ANOS NO BRASIL
Abstract
Objetivos: Descrever o perfil epidemiológico dos pacientes que faleceram em decorrência do linfoma não-Hodgkin difuso (LNHD) no Brasil entre 2014 e 2023. Materiais e métodos: Estudo ecológico observacional em que se utilizou uma análise de série temporal. A revisão foi realizada em uma base de dados de domínio público, utilizando o sistema Departamento de Análise de Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis (DASNT), abrangendo o período de janeiro de 2014 a dezembro de 2023. Para analisar os óbitos decorrentes do linfoma não-Hodgkin difuso (CID 10: C83) foram avaliadas as seguintes variáveis: número de óbitos por LNHD, região geográfica de ocorrência, grupo etário, raça e sexo. Todos os dados foram armazenados em uma planilha Excel e as descrições das variáveis foram realizadas por meio da análise de frequências absolutas e relativas. Resultados: No Brasil, entre 2014 e 2023, foram registrados 8.446 óbitos por LNHD, com média de 844,6 óbitos por ano, apresentando ainda crescimento de 73,55% nesse período, comparando o ano inicial com o terminal. Os anos com maiores números de óbitos foram 2020, 2021 e 2022, com crescimento de 39,12% em relação aos três anos anteriores, com média de 1.100 óbitos por ano. Observando o total de óbitos, 57,77% (n = 4.879) eram do sexo masculino e 42,23% do sexo feminino (n = 3.566). Considerando faixa etárias, os indivíduos mais afetados apresentavam de 70 a 79 anos, com 21,05% (n = 1.778), e são seguidos por aqueles de 60 a 69 anos, com 20,93% (n = 1.768). Ademais, as faixas etárias de 50 a 59 anos e de mais de 80 anos agrupam porcentagem significativas de óbitos, com 14,61% (n = 1.234) e 15,34% (n = 1.298), respectivamente. Sobre cor, 61,47% dos óbitos (n = 5.192) ocorreram em pacientes brancos, seguidos por 29,06% (n= 2.455) em pardos e 5,58% (n = 472) em pretos. Em relação à região, o Sudeste apresentou a maior taxa de óbitos, com 38,83% (n = 3.280), seguido pelo Sul, com 26,45% (n = 2.234), e pelo Nordeste, com 23,1% (n = 1.951). As regiões Norte e Centro-Oeste foram responsáveis por 11,5% das mortes (n = 972). Em relação ao total de neoplasias malignas declaradas ou presumidas como primárias dos tecidos linfáticos, hematopoético e tecidos correlatos, a LNHD representou 5,46% dos óbitos no período avaliado. Discussão: A análise detalhada do perfil dos óbitos por LNHD na última década revela informações significativas sobre as características epidemiológicas dos pacientes que falecem devido a essa patologia. Nota-se um aumento progressivo no número de óbitos durante este período, embora isso não necessariamente corresponda a um aumento na taxa de mortalidade. A pandemia de COVID-19 parece ter impactado o número de óbitos, principalmente comparando ao período anterior a ela. As faixas etárias de maior risco, associadas a um maior número de óbitos, incluem majoritariamente os idosos e os adultos mais velhos. Além disso, observou-se uma predominância significativa entre os pacientes do sexo masculino. Geograficamente, a região Sudeste do país concentra a maioria dos casos, refletindo a maior densidade populacional existente nessa área. Conclusão: Portanto, os óbitos destacam a urgência de diagnósticos precoces e de avanços terapêuticos que são essenciais para reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com linfoma não-Hodgkin difuso.