Journal of Cardiac Arrhythmias (Oct 1994)

Estimular ou sentir o átrio, salvo contra-indicaçao:... Regra de ouro da estimulaçao cardíaca dos anos 90

  • S. Serge BAROLD,
  • Jacques MUGICA

Journal volume & issue
Vol. 7, no. 3

Abstract

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Do ponto de vista da hemodinâmica, a estimulaçao ventricular é ruim. Ela cria o que chamamos, após 20 anos de estudos, de Síndrome do Marcapasso (SMP), um conjunto de sintomas ocasionados pela perda do sincronismo atrioventricular (AV). A SMP sobrevem aos pacientes com distúrbios da conduçao AV ou sino-atrial. Aparece mais freqüentemente nos casos de conduçao ventrículo-atrial (V A) retrógrada, mas também quando as sístoles atriais e ventriculares estao dissociadas. A SMP pode ser prevenida graças à manutençao do sincronismo AV e deveria ser considerada uma complicaçao do passado. No início da estimulaçao ventricular monocâmara, pensávamos que somente 15% dos pacientes desenvolveriam uma SMP e que um caso em dois se apresentaria sob uma forma severa. Na realidade, na época de estimuladores de demanda, nao dispunhamos de elementos de comparaçao: - somente as SMP muito graves eram identificadas. A incidência da SMP parece atualmente mais alta do que pensávamos: a maior parte dos pacientes prefere a estimulaçao dupla-câmara à monocâmara. Um pequeno número de pacientes nao sente a diferença quando mudamos o modo de estimulaçao. A SMP pode igualmente sobrevir ao esforço, na estimulaçao ventricular com resposta de freqüência (VVI R), que nao traz as mesmas vantagens da estimulaçao dupla-câmara. Nos casos das disfunçoes sinusais, a estimulaçao ventricular, comparada à estimulaçao atrial mono ou dupla-câmara, é a origem de uma taxa mais importante de fibrilaçao atrial (FA) crônica, de embolia, de acidente vascular cerebral, de aumento do índice cardio-torácico, de hipertrofia atrial esquerda, de insuficiência cardíaca e de mortalidade. Trabalhos recentes indicam que a estimulaçao atrial pode igualmente prevenir a FA paroxística nos casos da Síndrome bradi-taqui. A despeito das vantagens da estimulaçao atrial, em cerca de 70 a 80% das primo-implantaçoes sao utilizados estimuladores monocâmaras ventriculares, com ou sem resposta de freqüência. O átrio deve ser estimulado ou sentido, salvo contra-indicaçao. Esta deve ser considerada a regra de ouro da estimulaçao cardíaca dos anos 90, levando em conta as maiores vantagens hemodinâmicas e eletrofisiológicas oferecidas pela estimulaçao atrial. As controvérsias, sempre atuais, concernentes à pouca contribuiçao da sístole atrial ao esforço, face ao aumento da freqüência, nao devem obscurecer o fato importante que é manter o sincronismo AV ao repouso. Os objetivos da estimulaçao cardíaca dos anos 90 devem ser: 1) restabelecer uma hemodinâmica normal ou subnormal, tanto no repouso como ao esforço, e aumentar a qualidade de vida; 2) fazer evoluir favoravelmente a história natural das diferentes patologias que necessitam de uma estimulaçao e reduzir de forma significativa as taquiarritmias atriais e suas complicaçoes tromboembólicas na Doença do Nó Sinusal.

Keywords