História da Educação (Mar 2011)

Revista História da Educação, v. 13, n. 29, 2009

  • RHE Asphe

Journal volume & issue
Vol. 13, no. 29

Abstract

Read online

<p>A Revista História da Educação em seu número 29 tem a satisfação de mais uma vez trazer para a apreciação de seus leitores uma série de textos que, sem dúvida, contribuirá para preencher lacunas na área de conhecimento história da educação que é a missão primordial deste periódico. De modo que somos gratos a todos que colaboraram com seus textos para este número e esperamos ter suas contribuições em outras edições desta revista.</p> <p>Abrimos este número com o texto <em>Didáticas e discursos em defesa do desenho como objeto de ensino e de sua inserção na instrução pública luso-brasileira</em>, da professora Gláucia Maria Costa Trinchão. Neste trabalho a autora identifica e analisa idéias que nortearam as políticas educacionais e propostas didático-pedagógicas apontadas no século XVII, ampliadas no XVIII, que ajudaram a socializar o desenho como disciplina escolar e guiaram a elaboração de novos mecanismos didáticos na cultura ocidental no século XIX.</p> <p>A seguir o renomado professor da Universidade de Coimbra António Gomes Ferreira com seu artigo <em>Educação e regras de convivência e de bom comportamento nos séculos 18 e 19</em> analisa a constituição de boas maneiras, de polidez, de urbanidade, de cortesia, de civilidade. Sublinha que a existência de preceitos reguladores da vivência social nem são um exclusivo da Civilização Ocidental e muito menos da modernidade. Destaca que a grande maioria destas obras de civilidade ou que continham capítulos a ela dedicados eram escritas por homens que estavam longe de querer intrometer-se no refinamento aristocrático e dirigiam-se especialmente a estratos sociais que aspiravam saber estar num ambiente urbano burguês.</p> <p>A professora Isabel Cristina Alves da Silva Frade no texto <em>Suportes, instrumentos e textos de alunos e professores em minas gerais: indicações sobre usos da cultura escrita nas escolas no final do século 19 e início do século 20</em> repertoria materiais relacionados à cultura escrita nas escolas e aborda a relação entre a cultura material e possíveis usos da escrita por professores e alunos da província de Minas Gerais, no final do século 19 e início do século 20. Os dados permitiram explorar duas vias de análise: indícios da escrita burocrática e institucional produzida por professores e as possíveis escritas de alunos no período analisado.</p> <p>O trabalho <em>Grupo escolar e produção do sujeito moderno: um estudo sobre o currículo e a cultura escolar dos primeiros grupos escolares catarinenses</em> (1911-1935) elaborado por Gladys Mary Ghizoni analisa o currículo dos primeiros grupos escolares implantados em Santa Catarina na primeira metade do século 20, de modo a desentranhar os códigos que regularam a cultura escolar daí engendrada. O grupo escolar é aqui compreendido como locus da materialização da governamentalidade liberal/moderna, entendida na perspectiva foucaultiana como “um refinamento da arte de governar”. A base empírica é constituída de fontes documentais e iconográficas bem como de depoimentos de ex-professores, diretores e alunos.</p> <p>O trabalho <em>A escolarização das práticas corporais no estado do Paraná (1846-1926): perscrutando o acervo de periódicos da biblioteca pública do Paraná </em>elaborado por Marcus Aurélio Taborda de Oliveira e Lausane Corrêa Pykosz é oriundo de um projeto de pesquisa que localiza e cataloga fontes para o estudo das práticas corporais escolares no estado do Paraná, compreendendo o período de 1846 a 1926. Neste trabalho mostra-se um pouco do que nos reserva a Biblioteca Pública do Paraná, a qual possui um riquíssimo acervo de periódicos. Demonstram que os periódicos representam uma considerável possibilidade de compreensão do passado educacional por apresentarem-se como fontes de fácil manuseio, ricas em conteúdo, que facilitam a reflexão acerca das questões referentes à educação, contribuindo de maneira significativa para a investigação histórica neste campo, seja como objeto ou como fonte de pesquisa.</p> <p>Mateus H. F. Pereira com seu <em>Trabalho interculturalidade e literatura de almanaques: o caso do almanaque abril</em> (1975-2006) reflete sobre a interculturalidade lançando o olhar para uma publicação que pode ser considerada um dos maiores sucessos editoriais do mercado brasileiro contemporâneo: o Almanaque Abril (1975-2006). Demonstra que a literatura de almanaque é uma fonte privilegiada para a apreensão de certas “culturas híbridas”, uma vez que sua própria definição é caracterizada pelo hibridismo.</p> <p>O artigo <em>A “fabricação” de aprendizes nas escolas paulistas do Senai</em> (1942-1955), de Vera Regina Beltrão Marques, investiga o processo de “fabricação” de corpos saudáveis e disciplinados nas escolas paulistas, nas décadas de 1940 e 1950. Discute como alunos representados como débeis e doentes foram “redimidos” para compor a “nata do operariado” brasileiro, via higienização, dentro e fora das fábricas.</p> <p>A professora Zita Rosane Possamai com texto <em>Uma escola a ser vista: apontamentos sobre imagens fotográficas de Porto Alegre nas primeiras décadas do século 20</em> observa uma cultura fotográfica adentrando o cotidiano escolar brasileiro. No Rio Grande do Sul, e em sua capital, Porto Alegre, é principalmente o poder público que utiliza a fotografia com a finalidade de documentação e divulgação das obras realizadas. Entre essas imagens destacam-se as fotografias das edificações escolares. A edificação escolar tornava visível a educação na cidade, ao passo que sua imagem fotográfica criava representações de uma sociedade civilizada, moderna e científica, sintetizada na imagem da escola-monumento.</p> <p>Na tradicional seção “Documentos” publicamos a segunda parte do texto<em> Reformas João Luiz Alves</em>, que iniciamos a publicar no número anterior.</p> <p>Temos a convicção que a leitura desta revista será de muito proveito a nossos associados, assinantes e ao público interessado em história da educação.</p><p> </p> <p><em> </em></p> <p><em> </em></p> <p>Os editores</p>