Ágora (Oct 2016)

A Cozinha Gaúcha: um resgate dos sabores e saberes da Gastronomia do Rio Grande do Sul

  • Tainá Bacellar Zaneti,
  • Valdeni Terezinha Zani,
  • Lorena Cândido Fleury,
  • Isabel Cristina Kasper Machado,
  • Caio Bonamigo Dorigon,
  • Gabriela Pereira,
  • Sara Schwambach de Almeida,
  • Ariane Thiele Lima,
  • João Lopes Martin Neto,
  • Bruno Garcias,
  • Yasmin Vellinho,
  • Fábio Rohde,
  • Sérgio Schneider,
  • Carolina Pereira Kechinski

DOI
https://doi.org/10.17058/agora.v18i1.7433
Journal volume & issue
Vol. 18, no. 1
pp. 28 – 42

Abstract

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O contexto atual da alimentação encontra-se em meio a sistemas agroalimentares cada vez mais segmentados, o que põe em risco as tradições relacionadas à alimentação. Ao se conferir à comida e à culinária o status de bem cultural e identitário, elas passam a ser instrumentos de transmissão, de vivência e de valorização das tradições. Esse aparente estratégico papel de receitas e produtos típicos para o desenvolvimento regional impulsionou a instituição dodecreto nº 4868, Programa RS MAIS GASTRONOMIA/Casa Civil, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul com a finalidade de resgatar, pesquisar, catalogar e divulgar os assuntos referentes à gastronomia gaúcha, que atuou de 2011 a 2015. Este artigo deriva de um projeto de pesquisa vinculado a este programa e teve como objetivo verificar o cenário das tradições gastronômicas dos principais grupos étnicos do estado, tendo como recorte para a pesquisa de campo, a região centro sul, composta pelas cidades: Charqueadas, Jaguarão, Pelotas, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Turuçu e Porto Alegre. Para tanto, utilizou-se uma abordagem qualitativa, com pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas. Foram realizadas 50 entrevistas com donos de restaurantes, agricultores, representantes de grupos étnicos e agentes do poder público. Os dados foram analisados com auxílio do software NVIVO versão 10. A partir das entrevistas infere-se que, em meio ao processo de globalização e consumo cotidiano de produtos processados, muitas receitas, técnicas e pratos tradicionais foram se modificando ao longo do tempo pela busca de praticidade e pela dificuldade de adquirir os ingredientes típicos, principalmente no meio urbano, onde se nota uma desconexão na relação produtor-ingrediente-consumidor. No entanto, essas tradições mantêm-se vivas nos núcleos familiares e nas comunidades, preparadas principalmente aos domingos e dias de festa, manifestando, assim, as tradições que compõem a identidade dos grupos.