Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

INTERNAÇÕES PARA O TRATAMENTO DE HEMOFILIAS NO BRASIL DE 2018 A 2022 - UM ESTUDO ECOLÓGICO

  • GF Tosta,
  • PV Villar,
  • PCSJ Moreira,
  • CSMC Silva,
  • JUS Paixão,
  • JRDS Evangelista,
  • PF Diverio,
  • GJ Almeida,
  • KG Frigotto,
  • VRGA Valviesse

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S472 – S473

Abstract

Read online

Introdução/Objetivos: A hemofilia é um distúrbio hemorrágico causado pela deficiência de fatores de coagulação, associado a morbidade e mortalidade significativas. Ela pode ser dos tipos A, B e C, relacionados à deficiência dos fatores VIII, IX e XI, respectivamente. A maioria dos casos é hereditária, mas até um terço pode ocorrer por mutações espontâneas. A forma adquirida é rara. O grau de acometimento e a apresentação clínica variam de acordo com a atividade residual dos fatores de coagulação. O tratamento teve grandes avanços, mas ainda não estão amplamente disponíveis. O objetivo deste trabalho é descrever os dados de internações hospitalares no Brasil para tratamento de hemofilias nos últimos 5 anos. Material e métodos: Trata-se de um estudo ecológico, utilizando dados públicos referentes as internações para o tratamento de hemofilias no Brasil, coletados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), entre janeiro de 2018 a dezembro de 2022. As variáveis selecionadas foram: ano de atendimento, internações, caráter de atendimento e óbitos. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação e cálculo das taxas dos dados. Resultados: Foram registradas 2.750 internações. Nos anos de 2018 e 2022 respectivamente: 578, 604, 493, 557 e 518. Sendo 83,9% de urgência (U), e 16,1% eletivas (E). A taxa de óbitos foi de 1,78%, desses 14,3% em internações E e 85.7% de U. Os anos de 2018 a 2022, registraram, respectivamente: 1,90% (18,2% E/81,2% U), 0,82% (40,0% E/60,0% U), 1,82% (11,1% E/88,9% U), 1,82% (8,3% E/91,7% U), e 2,15% (8,3% E/91,7% U). Discussão: O Brasil possui a quarta maior população de hemofílicos do mundo. Neste estudo o maior número de internações foram nos anos de 2019 e 2021, e 2020 teve o menor número, tendo como hipótese a influência direita ou indireta da pandemia de COVID-19. Segundo a World Federation of Hemophilia (WFH), em 2018 foram registradas em 21.1% internações no mundo, 8.8% em 2019, 14% em 2020, 9.4% em 2021, 8% em 2022, discordante da maioria dos nossos dados, exceto 2018. As taxas de óbitos encontradas neste estudo foram maiores em 2022 e 2018, e a menor em 2019, também tendo como hipótese a influência direta ou indireta da pandemia de COVID-19. Segundo a WFH, a taxa de óbitos mundial de 2018 a 2021 foi <1%, sem dados sobre 2022. Discordante dos nossos dados. Porém somente alguns países reportam dados para a WFH, e o Brasil não está na lista.Mais de 80% das internações foram em U, corroborando com a literatura. As limitações deste estudo são a não disponibilidade nos registros no SIH/SUS dos tipos das hemofilias, motivo da internação, e suas causas de óbito. Conclusão: Observou-se neste estudo um maior número de internações nos anos de 2019 e 2021, e 2020 com o menor número. Quanto à taxa de óbitos, foi maior nos anos de 2022 e 2018 e menor em 2019. Sendo a maioria das internações e óbitos de urgência. Indicando uma alta taxa de internações e óbitos no país. Os pacientes com hemofilia apresentam risco de sangramentos importantes se não realizada a terapia adequada. Este estudo ressalta a importância da disponibilidade de novos medicamentos, e da melhora no registro de dados sobre hemofilias no SIH/SUS, como informações sobre seus tipos, motivo das internações e causas de morte, para permitir uma melhor compreensão da doença, considerando suas características e prognósticos específicos.