Arquivos Brasileiros de Cardiologia (Apr 2008)
Prevalência de verdadeiras crises hipertensivas e adequação da conduta médica em pacientes atendidos em um pronto-socorro geral com pressão arterial elevada Prevalence of true hypertensive crises and appropriateness of the medical management in patients with high blood pressure seen in a general emergency room
Abstract
FUNDAMENTO: Pressão arterial elevada é motivo freqüente de procura por pronto-socorro, sendo possível que muitos pacientes recebam erroneamente um diagnóstico de crise hipertensiva e, conseqüentemente, um tratamento inapropriado. OBJETIVO: Analisar os casos de pacientes com pressão arterial elevada atendidos em um pronto-socorro geral, quanto ao preenchimento de critérios para o diagnóstico de crise hipertensiva e a adequação da conduta médica. MÉTODOS: Dos 1.012 pacientes atendidos consecutivamente em um pronto-socorro geral privado de referência, em São Luís, Maranhão, entre agosto e novembro de 2003, 198 (19,56%) tiveram como diagnóstico principal do atendimento pressão arterial elevada. Destes, de apenas 169 pacientes foi possível obter informação adequada nos boletins de atendimento, sendo 54,4% do sexo feminino, com média de idade de 53,3 ± 15,2 anos. Coletaram-se dados referentes aos pacientes e aos médicos atendentes, a fim de classificar cada caso como urgência, emergência ou pseudocrise hipertensiva, e a conduta médica como adequada ou inadequada. Procurou-se ainda identificar os fatores associados à conduta e ao uso de medicação anti-hipertensiva. RESULTADOS: Em apenas 27 pacientes (16%) houve critérios para caracterização de uma crise hipertensiva, sendo todos estes classificados como urgências. A conduta médica foi considerada adequada em 72 casos (42,6%), não sofrendo influência da especialidade (p = 0,5) nem da experiência do médico (p = 0,9). Níveis tensionais, e não a presença ou ausência de sintomas, foram preditivos do uso de medicação anti-hipertensiva (p BACKGROUND: High blood pressure is a common reason for patients to seek an emergency room, and many of them may possibly be wrongly diagnosed with hypertensive crisis and, consequently, be inappropriately treated. OBJECTIVE: To analyze the cases of patients seen in a general emergency room because of high blood pressure as for meeting the criteria for the diagnosis of hypertensive crisis and the appropriateness of medical management. METHODS: Of the 1012 patients consecutively seen in a private referral general emergency room in the city of São Luís, State of Maranhão, between August and November 2003, 198 (19.56%) had a main diagnosis of high blood pressure in that visit. Of these, proper information could only be obtained from the patient charts of 169 patients; 54.4% of them were females with a mean age of 53.3 ± 15.2 years. Data regarding patients and the attendant physicians were collected, and each case was classified as an urgency, emergency or pseudohypertensive crisis; the medical management was classified as appropriate or inappropriate. We also sought to identify the factors associated with the medical management and with the use of antihypertensive medication. RESULTS: Criteria for the characterization of a hypertensive crisis were present in only 27 patients (16%), and all were classified as urgencies. Medical management was considered appropriate in 72 cases (42.6%), and was neither influenced by specialty (p=0.5) nor by the physician's experience (p=0.9). Blood pressure levels, but not the presence or absence of symptoms, were predictive of the use of antihypertensive medication (p<0.001). CONCLUSION: In the population analyzed, less than one fifth of the patients seen in an emergency room with a presumed hypertensive crisis met defined criteria for this diagnosis. Medical management was considered appropriate in less than half of the occurrences.
Keywords