Humanitas (Nov 2017)

A epipolesis – receção de um discurso de origem homérica pela historiografia portuguesa de Quinhentos

  • Luís Henriques

DOI
https://doi.org/10.14195/2183-1718_70_5
Journal volume & issue
Vol. 70

Abstract

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Este artigo aborda, de forma breve, a receção de um tipo de discurso que remonta à épica homérica pela historiografia portuguesa do século XVI: a epipolesis. Numa época de emulação, os historiógrafos quinhentistas fizeram das suas obras não só repositórios da memória passada, mas também composições elevadas e eruditas em que a retórica desempenhou um papel determinante. Tal como na Antiguidade, assiste-se à progressiva dramatização das obras historiográficas, com a inserção de impressivas descrições de batalhas e de discursos, como a epipolesis. Na circunstância, este tipo de discurso imprime enargeia às ekphraseis em que se enquadram, já que um capitão, proferindo um discurso exortativo enquanto avança pelas alas do seu exército, contribui não só para a consagração do seu estatuto de ótimo general, como provoca comoção nos leitores destas narrativas. Assim, do ponto de vista metodológico, um corpus de discursos identificado na historiografia portuguesa quinhentista é analisado tipológica e diferenciadamente de acordo com fatores como a superfície terrestre ou marítima em que os ditos discursos são pronunciados. Em seguida, o mesmo corpus será analisado de acordo com os princípios metodológicos aplicados por Longo (1983) aos discursos de Tucídides que, atendendo à sua pronunciação, podem ser unitários ou diferenciados dependendo da homogeneidade ou heterogeneidade qualitativa do auditório.

Keywords