Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas ()

Manifestações simbólicas em Santa Elina, Mato Grosso, Brasil: representações rupestres, objetos e adornos desde o Pleistoceno ao Holoceno recente

  • Agueda Vilhena Vialou,
  • Denis Vialou

DOI
https://doi.org/10.1590/1981.81222019000200006
Journal volume & issue
Vol. 14, no. 2
pp. 343 – 366

Abstract

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Resumo Santa Elina, na Serra das Araras, no Mato Grosso, oferece uma notável composição de dois conjuntos arqueológicos excepcionais: a) um dispositivo parietal de um milhar de pinturas, adaptando-se estreitamente à morfologia do abrigo que se encontra ao pé de uma falésia calcária; b) um conjunto de ocupações distribuídas em duas sequências estratigráficas, uma indo até o Pleistoceno há 27.000 anos, a outra constituída de uma densa sucessão de ocupações durante o Holoceno, datadas entre 11.000 e 2.000 anos. Os primeiros habitantes do sítio conviveram com e caçaram uma espécie de megafauna, tornada fóssil no início do Holoceno: o Glossotherium lettsomi. Três adornos feitos nos ossículos do animal são provas de sua importância para os caçadores. A utilização intensiva pelos habitantes de pigmentos minerais, principalmente vermelhos (hematitas) e a de vegetais (madeira, fibras e folhas), caracteriza as ocupações que se seguem: particularmente, ‘pavimentações’ feitas de blocos manchados de vermelho, ou ornamentos corporais trançados. Os conjuntos líticos, principalmente feitos de calcário local, duro e fácil de lascar, são bem presentes em todas as ocupações. Os utensílios com reentrância dominam durante o Pleistoceno. É um dos mais antigos sítios da América do Sul, mostrando a intensidade de povoamentos pré-históricos no centro do continente.

Keywords