Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)
Agentes de ação direta contra o vírus da Hepatite C: uma coorte de vida real
Abstract
O vírus da hepatite C (HCV) pode gerar uma infecção crônica que desencadeia um processo de degeneração discreto e progressivo no fígado, sendo um importante problema de saúde pública, que demanda assistência à saúde especializada e de alta complexidade. Sendo assim, diversos tratamentos são aprovados com o objetivo de erradicá-lo. O objetivo do estudo foi avaliar fatores preditores relacionados a falha terapêutica aos novos Agentes de Ação Direta (AAD) de segunda geração contra o HCV em um serviço de referência em hepatologia no nordeste do Brasil. Um estudo de coorte de vida real retrospectiva realizado em um serviço de referência em hepatologia, onde a coleta foi realizada no período de janeiro/2018 a agosto/2018. Foram coletados em prontuário informações referentes a dados demográficos, quantificação da carga viral, estadiamento da doença hepática, além de dados como falha a tratamento prévio e esquemas terapêuticos. O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 58131716.5.000.5546. As análises estatísticas foram realizadas por meio dos testes Exato de Fisher, Qui-quadrado, teste de Shapiro-Wilk e Mann-Whitney. As variáveis categóricas foram descritas por meio de frequência absolutas e relativas percentuais, já as variáveis contínuas foram descritas por meio de média e desvio-padrão. Foram calculados riscos relativos e seus intervalos com 95% de confiança. O nível de significância adotado foi de 5% e o software utilizado foi o R Core Team 2018. Foram 126 pacientes incluídos no estudo, desses, 21,5% não tinham relatos em prontuário de resultados da resposta virológica sustentada na 12ª semana após o tratamento (RVS 12), ficando 99 pacientes com resultado de RVS 12 para análise, o que gerou uma taxa de efetividade de 91,9%, faixa acima da esperada quando comparado com ensaios clínicos. Quanto a característica demográfica dos pacientes verificou média de idade de 58 anos, além da predominância do sexo masculino. Quando buscou avaliar fatores preditores, o único fator preditor para uma falha terapêutica identificado foi a presença da carga viral detectada no final do tratamento, risco relativo 14,63 e IC95% (4,17-51,28). Porém, foram identificados fatores protetores para uma falha terapêutica como a variável genótipo 1, pacientes experimentados, o que foi particularmente significativo quando consideramos que quase metade dos pacientes do estudo eram considerados difíceis de tratar. A presença da carga viral detectada no final do tratamento foi o único fator preditor para falha terapêutica identificada. Os AADs foram considerados terapia de sucesso, com efetividade acima de 90%, além disso fomentasse futuras pesquisas sobre perda de seguimento dos pacientes em tratamento, e quais intervenções devem ser implementadas para minimizá-las.