Revista Polis e Psique (Jul 2019)

Deleuze leitor de Kant: os labirintos da diferença

  • Rodrigo Diaz de Vivar y Soler,
  • Edelu Kawahala

DOI
https://doi.org/10.22456/2238-152X.40467

Abstract

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Kant não é, para Deleuze, aparentemente, um filósofo pertencente ao mais alto círculo de pensadores, da envergadura de Spinoza, Nietzsche ou Bergson. Contudo, não devemos enxergar nessa figura o real inimigo conceitual da filosofia da diferença. Estes seriam os artefatos que Deleuzemobiliza para empreender uma leitura da filosofia crítica sem colocar-se como mero comentador do filósofo alemão. Para além de qualquer hermenêutica, Deleuze exerce, de acordo com Craia (2009), uma apropriação filosófica que toma os conceitos da filosofia kantiana numa perspectiva que atravessa a ontologia e o transcendental, tendo como referência os conceitos de diferença e de repetição. O modo de operação construído por Deleuze nessa leitura perspectivista é composto pelo agenciamento. Esta ferramenta implica não o elogio, nem o comentário superficial, mas, sobretudo a problematização dos conceitos. Neste sentido, a problematização de um pensamento como o de Kant equivale à construção de uma argumentação que permite, posteriormente, a apropriação e a transposição, de modo que passa-se a percorrer cada campo aberto pelo kantismo, sem necessariamente ser sujeitado pelos dispositivos presentes no método transcendental, pois o pensamento deve ser visto como uma atividade que percorre esses campos inferindo os agenciamentos e decompondo suas articulações. Desta maneira, o que interessa para Deleuze (2008) é potencializar nessa decomposição, a emergência de novos conceitos e apropriações.

Keywords