Cadernos de Saúde Pública (Apr 1999)
Níveis de mercúrio em peixes consumidos pela comunidade indígena de Sai Cinza na Reserva Munduruku, Município de Jacareacanga, Estado do Pará, Brasil Mercury levels in fish consumed by the Sai Cinza indigenous community, Munduruku Reservation, Jacareacanga County, State of Pará, Brazil
Abstract
O estudo consiste em avaliar os níveis de mercúrio no pescado consumido pela comunidade indígena de Sai Cinza (Reserva Munduruku) no Estado do Pará, e associá-los com os hábitos de consumo da população. Um total de oitenta espécimes de peixes foram capturados. As determinações de Hg foram realizadas por absorção atômica. A concentração média de Hg nas espécies carnívoras foi de 0,293 µg/g (DP = 0,104) enquanto nas não carnívoras foi de 0,112 µg/g (DP = 0,036). As espécies referidas como de maior consumo ente os 330 indivíduos entrevistados foram: tucunaré, pacu, jaraqui, traíra, aracu, matrinchã e caratinga. As espécies com concentrações mais elevadas de Hg foram tucunaré e traíra, que estão entre os peixes mais consumidos. A freqüência de consumo constitui-se num fator importante na avaliação de risco de contaminação por mercúrio em comunidades que não têm outras alternativas de alimentação.This study evaluated fish consumption and mercury levels in fish consumed by an indigenous community in the State of Pará. Eighty fish samples were collected (barbado, surubim, traíra, tucunaré, piranha, aruanã, caratinga, aracu, mandiá, jandiá, and pacu). Mercury analysis was performed using a Mercury Analyzer HG-3500. Average mercury concentration in carnivorous species was 0.293 µg/g (SD = 0.104), while in non-carnivorous species it was 0.112 µg/g (SD = 0.036). Brazilian legislation establishes a maximum permissible limit of 0.5 µg/g for fish consumption. No significant correlation was found between fish length or weight and mercury concentration. Types of fish most frequently consumed by the community were tucunaré, pacu, jaraqui, traíra, aracu, matrinchã, and caratinga. Carnivorous species, especially tucunaré and traíra, amongst the most frequently eaten, had higher mercury levels than non-carnivorous species. Frequency of consumption is crucial to assess the risk of mercury contamination in communities who lack alternative food sources.
Keywords