Revista Brasileira de Educação Especial (Sep 2012)
Sexualidade na deficiência intelectual: uma análise das percepções de mães de adolescentes especiais Sexuality in intellectual disabilities: an analysis of the perceptions of mothers of special adolescents
Abstract
Adolescência é a fase transitória entre infância e idade adulta, momento importante do desenvolvimento humano, marcado por mudanças físicas, psicológicas e sociais relativas ao início da sexualidade. Este momento geralmente é conturbado e o poderá ser ainda mais para adolescentes com deficiência intelectual (DI) por confrontar com preconceitos e mistificações estabelecidas há tempos. A maneira infantilizante e discriminatória de serem tratados pela família e sociedade influenciam as percepções das mães de filhos com DI. Assim, objetivando investigar as concepções que mães de jovens com DI têm sobre a sexualidade deles e como elas irão refletir na adoção de práticas de educação sexual, foram entrevistadas 20 mães de adolescentes entre 12 a 18 anos, de ambos os sexos, com diagnóstico de DI, atendidos numa clínica escola localizada no estado do Espírito Santo. Analisando as entrevistas, percebeu-se em 12 respostas, a ideia de ausência de sexualidade na pessoa com DI, trazendo uma postura infantilizadora e superprotetora dessas mães em relação aos filhos, considerando-os com pouca possibilidade de desenvolver interesses e comportamentos sexuais. Quanto às concepções das mães nas manifestações sexuais de seus filhos, 15 delas revelaram entender que a sexualidade deles é diferente da de pessoas sem deficiência intelectual. Percebeu-se que 12 das 20 mães nunca orientaram seus filhos sexualmente, alegando que não compreenderiam. Em geral, as mães não reconhecem uma identidade sexual em seus filhos e, por conseguinte, não fornecem uma educação sexual, reproduzindo a concepção social e cultural que nega a existência da sexualidade quando associada à DI.Adolescence is the transitional phase between childhood and adulthood, an important moment of human development, marked by physical, psychological and social changes at the beginning of sexuality. This moment is often troubled and may be even more so for teenagers with intellectual disability (ID) by confronting preconceptions and mystification established long ago. The infantilizing and discriminatory way they may be treated by family and society influence the perceptions of mothers of children with ID. Thus, to investigate the conceptions that mothers of young people with ID have about their sexuality and how they will reflect the adoption of sexual education practices, 20 mothers of adolescents aged 12 to 18 years, of both sexes with a diagnosis of ID were interviewed at a clinical school located in the state of Espírito Santo. Analyzing the interviews, 12 answers indicated the idea of absence of sexuality in the person with ID, fostering an infantilized and overprotective attitude of these mothers to their children; it was considered unlikely that they would develop interest in sex or present sexual behaviors. As for the conceptions of mothers on the sexual manifestations of their children, 15 of them revealed understanding that their sexuality is different from that of people without intellectual disability. It was noted that 12 of the 20 mothers had never oriented their children about sex, saying they would not be capable of understanding. In general, the mothers do not recognize a sexual identity in their children and, therefore, do not provide them with sexual education, reproducing the social and cultural concept that denies the existence of sexuality when associated with ID.
Keywords