Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial (Jan 2002)

Comparação das atividades antimicrobianas de meropenem e imipenem/cilastatina: o laboratório necessita testar rotineiramente os dois antimicrobianos?

  • Ana C. Gales,
  • Rodrigo E. Mendes,
  • José Rodrigues,
  • Hélio S. Sader

DOI
https://doi.org/10.1590/S1676-24442002000100004
Journal volume & issue
Vol. 38, no. 1
pp. 13 – 20

Abstract

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O meropenem e o imipenem representam os ß-lactâmicos com maior espectro e potência antimicrobiana, e são os únicos carbapenêmicos disponíveis para uso clínico no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. O meropenem apresenta atividade in vitro superior contra gram-negativos, enquanto que o imipenem é discretamente mais ativo contra gram-positivos. Os objetivos deste estudo são comparar as atividades in vitro destes dois carbapenêmicos e avaliar a necessidade de o laboratório clínico testá-los em sua rotina. Os resultados da avaliação dos padrões de sensibilidade de 2.144 bacilos gram-negativos pela técnica de microdiluição em caldo foram analisados. Contra enterobactérias, o meropenem apresentou atividade pelo menos oito vezes maior que o imipenem. Contra Pseudomonas aeruginosa, o meropenem (CIM50 de 1mig/ml) também apresentou atividade superior à do imipenem (CIM50 de 2mig/ml), e contra Acinetobacter baumannii, a ação dos dois é equivalente (CIM50 de 1mig/ml para ambos). Somente 2,7% das amostras avaliadas apresentaram resultados discordantes entre os dois carbapenêmicos em termos de categoria de sensibilidade - isto é, foram sensíveis a um e resistentes ao outro. Quarenta e seis amostras (2,14%) foram sensíveis ao meropenem e resistentes ao imipenem, enquanto que somente 12 amostras (0,55%) apresentaram sensibilidade ao imipenem e resistência ao meropenem. A grande maioria dos resultados discordantes (91,4%) ocorreu entre as amostras de bacilos gram-negativos não-fermentadores da glicose (BGN-NF). Entre as 1.350 enterobactérias testadas houve apenas cinco resultados discordantes (0,37%), enquanto que entre os BGN-NF ocorreram 53 (6,67%). Além disso, em cerca de 80%, as amostras foram sensíveis ao meropenem e resistentes ao imipenem. Os resultados deste estudo indicam que o laboratório de microbiologia pode testar apenas um dos carbapenêmicos contra enterobactérias, considerando para o outro o mesmo resultado. É importante que os resultados dos dois carbapenêmicos sejam colocados no relatório, para que o médico possa escolher aquele que achar mais adequado. Por outro lado, para os BGN-NF, o laboratório deve realizar o teste de sensibilidade com os dois carbapenêmicos separadamente.

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