Jornal de Pediatria (Apr 2005)

Colonização nasofaríngea pelo Streptococcus pneumoniae em crianças com doença falciforme usando penicilina profilática Nasopharyngeal colonization by Streptococcus pneumoniae in children with sickle cell disease receiving prophylactic penicillin

  • Patricia B. Blum Fonseca,
  • Josefina Aparecida P. Braga,
  • Antônia Maria de O. Machado,
  • Maria Cristina de C. Brandileone,
  • Calil Kairalla Farhat

DOI
https://doi.org/10.1590/S0021-75572005000300011
Journal volume & issue
Vol. 81, no. 2
pp. 149 – 154

Abstract

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OBJETIVOS: Determinar a prevalência de colonização nasofaríngea pelo pneumococo em crianças com doença falciforme, em uso de profilaxia com penicilina; identificar fatores de risco para colonização; sorotipar as cepas isoladas e avaliar a resistência antimicrobiana. METODOLOGIA: Foram colhidos 188 suabes de nasofaringe de 98 crianças com doença falciforme em acompanhamento no Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo, no período de 09 de abril de 2002 a 28 de fevereiro de 2003. O isolamento e a identificação dos pneumococos seguiram procedimentos padronizados. A concentração inibitória mínima para penicilina foi determinada pelo método do E-test. A sorotipagem foi realizada pela reação de Neufeld-Quellung com anti-soros para 46 sorotipos. RESULTADOS: A idade variou de 4 meses a 17 anos (média e desvio padrão de 6,8±4,7 anos). Das 98 crianças do estudo, 13 apresentaram colonização pelo pneumococo (prevalência de 13,3%). O maior risco de colonização ocorreu em menores de 2 anos de idade (p = 0,02). A prevalência de cepas com resistência intermediária à penicilina foi de 21,4%, não sendo evidenciada resistência plena. Também não houve cepas resistentes à eritromicina, ceftriaxona e vancomicina. Os sorotipos isolados mais freqüentes foram o 18C e o 23F. CONCLUSÕES: O uso profilático de penicilina diminuiu a colonização nasofaríngea pelo pneumococo e não determinou aumento da resistência a esse antimicrobiano nas crianças com doença falciforme. A penicilina ainda pode ser usada na profilaxia e no tratamento dos episódios febris dessas crianças.OBJECTIVES: To determine the prevalence of nasopharyngeal pneumococcus colonization in children with sickle cell disease undergoing penicillin prophylaxis, to identify risk factors for colonization and to serotype and determine antibiotic resistance in pneumococci obtained from those children. METHODS: Between April 9, 2002 and February 28, 2003, 188 nasopharyngeal swabs were obtained from 98 children with sickle cell disease in follow-up at the Hospital São Paulo - Universidade Federal de São Paulo. Pneumococci were isolated and identified by standard methods. The minimal inhibitory concentration for penicillin was determined by the E-test method. Isolates were serotyped with the use of type-specific antisera for 46 different serotypes (Neufeld-Quellung reaction). RESULTS: The age of children ranged from 4 months to 17 years (median and standard deviation 6.8±4.7 years). Thirteen of the 98 children had nasopharyngeal pneumococcus colonization (13.3% prevalence). There was a significantly greater risk of colonization among children less than 2 years old (p = 0.02). Twenty-one percent of isolates had intermediate penicillin resistance. There were no isolates highly resistant to penicillin. All isolates were susceptible to erythromycin, ceftriaxone, or vancomycin. The most frequently identified serotypes were 18C and 23F. CONCLUSIONS: Penicillin prophylaxis reduced pneumococcal nasopharyngeal colonization and did not increase the prevalence of penicillin-resistant pneumococci in children with sickle cell disease. Penicillin can be used not only for prophylaxis, but also in the acute management of febrile states with these children.

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