Discursividades (Feb 2023)

História, Mulher e Bruxaria: Clarice Lispector na (Des)ordem do Discurso

  • Thaise Maria Armelin Elias,
  • Denise Gabriel Witzel

Journal volume & issue
Vol. 12, no. 1

Abstract

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Constantemente, no decorrer da história, as mulheres que ousaram fugir ao engessamento, outrora dado ao feminino, foram subjetivadas como desobedientes e, até mesmo, como bruxas. Estas, foram assim designadas, pois atentaram contra o poder patriarcal, uma vez que demonstraram habilidades e conhecimentos outros, que não aqueles destinados ao feminino até então. Retomando, via memória discursiva, essas mulheres bruxas, é que evocaremos aqui o sujeito mulher escritora Clarice Lispector, visto que entrou na contramão dos discursos sexistas e alcançou lugares até então negados ao sujeito feminino. Melhor dizendo, Clarice irrompeu no século XX com outras vontades de verdade, não deixando, no entanto, de ser objetivada enquanto bruxa. Assim, atreladas aos Estudos Discursivos Foucaultianos, analisaremos os nós nos discursos, que atualizam Clarice Lispector como mulher bruxa. Para tal, o texto terá início com uma breve introdução, dando relevância à questão do enunciado. Em seguida, abordaremos Clarice como sinônimo de resistência e desobediência em meio à história das mulheres de Michelle Perrot. Por fim, analisaremos as redes de sentido, imersas nas tramas do saber-poder, atreladas ao enunciado bruxa, as quais nos levarão a perceber a premissa foucaultiana de que um enunciado sempre atualiza outros enunciados.

Keywords