Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA NA PEDIATRIA: A IMPORTÂNCIA DE SUSPEITAR
Abstract
Introdução: A Leucemia Linfocítica Aguda (LLA) é a malignidade infantil mais comum; corresponde a 1/3 das neoplasias nessa faixa etária, com maior prevalência dos 2 aos 5 anos e no sexo masculino. Suas manifestações clínicas podem ser inespecíficas e variadas, com sintomas partilhados com outros diagnósticos comuns na pediatria, configurando um impasse para suspeição, diagnóstico e instituição terapêutica precoce. Objetivo: Explanar, através de três casos clínicos, a importância de suspeitar, diagnosticar e encaminhar ao serviço de oncologia pediátrica para início do tratamento com brevidade. Descrição dos casos: : Tratam-se de três pacientes do sexo masculino, com idades distintas (22 meses, 4 e 9 anos) com febre prolongada como sintoma constitucional comum. Dois casos manifestaram sintomas de resfriado e queixa de dor músculo-esquelética, com marcha claudicante e limitação para deambular, sendo suspeitado Artrite Infecciosa e iniciada antibioticoterapia. Dois cursaram com hematomas, petéquias e equimoses e dois apresentaram linfonodos cervicais pequenos, sem características patológicas. Nenhum paciente com visceromegalias. Para todos, as alterações laboratoriais iniciais foram: anemia hipocrômica e microcítica (suspeita de anemia ferropriva prévia) leucocitose com neutrofilia (suspeita de infecção) e plaquetopenia moderada. Complementada investigação com reticulócitos, lactato desidrogenase (LDH), ácido úrico e fólico, cinética do ferro, teste de coombs direto, hemocultura e sorologias virais; todos negativos, exceto LDH bastante elevado. Com a necessidade de afastar doença mieloproliferativa, foi realizado mielograma com imunofenotipagem e, nos 3 casos, foi diagnosticado LLA. As crianças foram transferidas para unidades de referência oncológica para iniciar tratamento. Discussão: A LLA é uma neoplasia de apresentação heterogênea rapidamente progressiva, que necessita de tratamento precoce para melhor sobrevida. Os casos expostos retratam sinais e sintomas inespecíficos e comuns, levando a diagnósticos iniciais equivocados. Sintomas de confundimento são também de alerta como dor músculo-esquelética facilmente atribuída a doenças reumatológicas, febre persistente, prolongada e refratária aos tratamentos instituídos, linfadenomegalia muitas vezes associada à infecção viral. Alterações evidenciadas nos exames laboratoriais, sufusões hemorrágicas e visceromegalias auxiliam na suspeição, porém nem sempre estão presentes. É necessário pensar na possibilidade e indicar avaliação complementar com mielograma e imunofenotipagem, responsáveis pela confirmação diagnóstica. Conclusão: : Suspeitar de doença mieloproliferativa é papel do pediatra geral, com o alerta de não aguardar o surgimento dos sintomas e sinais clássicos. É importante associar história clínica, sintomas, alterações laboratoriais e evolução discrepante das patologias mais comuns para seguir na investigação mais assertiva. Nos casos apresentados, a presença do hematopediatra na instituição facilitou a realização do mielograma e diagnóstico precoce. Porém, na ausência do especialista, encaminhar para um serviço habilitado poderá antecipar o tratamento e melhorar o prognóstico destes pacientes.