Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
MALÁRIA POR PLASMODIUM VIVAX EM UM HOSPITAL DE MINAS GERAIS: RELATO DE CASO
Abstract
Introdução: A malária é uma doença infecciosa febril grave, causada pelo protozoário Plasmodium e transmitida pela fêmea do mosquito Anopheles. No Brasil, predominam as espécies P. vivax, P. falciparum e P. malariae. Este relato ilustra um caso de malária por P. vivax no sudeste brasileiro. Relato de Caso: Paciente sexo masculino, 48 anos, com dislipidemia prévia, apresentou febre intermitente há 9 dias, cefaleia, dor abdominal difusa, sudorese e tremores. Relatou viagem recente ao Pará, com objetivo de trabalhar durante três meses em região de mata. No exame físico, estava lúcido, orientado, febril, sem icterícia ou cianose, aparelhos cardiovascular e respiratório sem alterações. O exame abdominal revelou baço palpável a 2 cm do rebordo costal, sem demais alterações. Internado, foram realizados exames laboratoriais, ultrassom de abdomen, teste rápido e gota espessa para malária. Resultados laboratoriais: Bilirrubina total 2.85 mg/dL, direta 1.25 mg/dL, indireta 1.60 mg/dL, creatinina 0.81 mg/dL, fosfatase alcalina 157 U/L, gama GT 490 U/L, PCR 139 mg/dL, AST 109 U/L, ALT 117 U/L, ureia 31 mg/dL, hemoglobina 11.3 g/dL, hematócrito 34.2%, leucócitos 4500/mm3, plaquetas 95,000/mm3. Ultrassom revelou esplenomegalia homogênea. Teste rápido positivo para P. vivax. Hematoscopia com coloração May-Grunwald-Giemsa confirmou trofozoítos intra-eritrocitários. Tratamento: cloroquina 600 mg no primeiro dia, seguido de 450 mg no segundo e terceiro dias e primaquina 30 mg por sete dias. Paciente apresentou melhora e recebeu alta. Discussão: A malária por P. vivax é a forma mais prevalente no Brasil, com incubação de 10-30 dias. O ciclo de vida inclui fases hepáticas latentes (hipnozoítos), causando recaídas semanas ou anos após a contaminação. A infecção prefere reticulócitos, maiores que os glóbulos vermelhos maduros. A ruptura dos eritrócitos infectados libera merozoítos, causando febre cíclica de 48 horas, calafrios e sudorese. Outros sintomas incluem cefaleia, fadiga, mialgia e esplenomegalia. A ruptura esplênica é mais frequente à infecção por P. vivax. O diagnóstico é confirmado através de microscopia de sangue com coloração Giemsa, PCR ou métodos imunocromáticos. Tratamento padrão envolve cloroquina para formas sanguíneas e primaquina para eliminar hipnozoítos hepáticos, prevenindo recaídas. Gestão eficaz é crucial, especialmente em áreas não endêmicas, onde a suspeita diagnóstica é baixa e o diagnóstico tardio pode aumentar a letalidade. Conclusão: A gestão eficaz da malária por P. vivax é essencial em áreas não endêmicas como o sudeste brasileiro, onde a suspeição diagnóstica é reduzida. Tratamento precoce com cloroquina e primaquina mostrou-se eficaz, destacando a importância de uma abordagem clínica rigorosa para prevenir complicações graves e possíveis recaídas.