Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DO PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO ETÁRIA DA INCIDÊNCIA DE LINFOMA DE HODGKIN NO BRASIL E REGIÕES NA ÚLTIMA DÉCADA
Abstract
Introdução: O Linfoma de Hodgkin (LH) é uma neoplasia linfoproliferativa cuja incidência apresenta uma clássica distribuição etária bimodal, afetando predominantemente adultos jovens, de 20 a 34 anos, e idosos, de 55 a 74 anos. Países em desenvolvimento, porém, possuem o primeiro pico em idades mais precoces, durante a infância e adolescência, perfil no qual o Brasil é enquadrado pela literatura vigente. No entanto, a falta de estudos recentes sobre a incidência de LH no território nacional e nas suas regiões compromete a compreensão atual da epidemiologia da doença no país. Objetivo: Analisar o padrão da distribuição etária da incidência de Linfoma de Hodgkin no Brasil e regiões, no período de 2014 a 2024. Método: Estudo ecológico, retrospectivo, quantitativo e descritivo com dados do DATASUS. Foi calculada a incidência de casos de LH para cada 100.000 habitantes no país e em cada região brasileira, de acordo com faixas etárias, com intervalos de cinco anos, a partir de zero anos. Para tanto, analisou-se os casos de Doença de Hodgkin (CID C81) diagnosticados entre o período de 2014 e 2024, segundo Idade e Região de residência, cujas fontes são: SIA, através do BPA-I e da Autorização de Procedimento de Alta Complexidade; SIH; SISCAN. Ademais, utilizou-se dados referentes ao mesmo período, da Projeção da População das Unidades da Federação por sexo e idade para o período de 2010-2060 (Edição 2018) considerando População residente por Faixa etária 1 segundo Região, sendo as fontes: IBGE/Diretoria de Pesquisa; Coordenação de População e Indicadores Sociais; Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. Resultados: No período avaliado, observou-se 21.019 casos de LH no Brasil, sendo 1.202 (5,7%) no Norte, 4.846 (23,1%) no Nordeste, 8.948 (42,6%) no Sudeste, 4.291 (20,4%) no Sul e 1.732 (8,2%) no Centro-Oeste. A distribuição etária da incidência da doença foi bimodal no país e em todas as regiões, com primeiro pico entre 20-24 anos, com 18 casos para cada 100.000 habitantes no Brasil, 10 no Norte, 15 no Nordeste, 18 no Sudeste, 28 no Sul e 16 no Centro-Oeste. No Brasil, o segundo pico começou a surgir entre 55-59 anos e atingiu os valores mais elevados entre 65-69 anos (aproximadamente 11 casos de LH para cada 100.000 habitantes); no Norte, iniciou entre 50-64 anos, com pico aos 60-64 anos (8 casos); no Nordeste, iniciou aos 50-54 anos, com pico aos 65-69 (7 casos); no Sudeste, teve início aos 55-59 anos e pico aos 65-69 (10 casos); no Sul, se iniciou aos 55-59 anos, com pico aos 60-64 (16 casos); e, por fim, no Centro Oeste, começou a surgir entre 45-59 anos, com pico aos 65-69 (15 casos). Conclusão: O estudo sugere que a incidência de LH no Brasil segue um padrão bimodal clássico, com primeiro pico em adultos jovens, contrastando com o de países em desenvolvimento, onde o pico inicial ocorre em crianças e adolescentes. Além disso, a identificação dos picos de incidência em diferentes faixas etárias e a distribuição regional variada da doença reflete possíveis diferenças na etiologia e fatores de risco associados ao Linfoma de Hodgkin, sendo necessárias estratégias de saúde pública direcionadas, tanto para vigilância epidemiológica quanto para a implementação de programas de prevenção e diagnóstico precoce.