Griot: Revista de Filosofia (Jun 2017)

A obra de arte como objeto comum

  • Filipe Ferreira Pires Völz

DOI
https://doi.org/10.31977/grirfi.v15i1.737
Journal volume & issue
Vol. 15, no. 1

Abstract

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O objetivo deste artigo é relacionar o ready-made de Duchamp – uma obra de arte que é idêntica a um objeto comum – com a história da arte que o precedeu e entender de que modo sua ruptura radical já estava dentro dessa história. Inicio com uma introdução ao e interpretação do ready-made. Em seguida, me respaldando em Gombrich, Greenberg e outros, examino os três tipos de arte na história propostos por Peter Bürger, focando na questão da realidade/irrealidade da obra, aos poucos me aproximando da relação da obra com seu caráter de objeto. Meu ponto principal é que a bidimensionalidade do quadro reforça a existência da tela (ou do suporte em questão) e assim também a relação de sua experiência com o mundo concreto em que o quadro se encontra, em contraposição a ilusão dramática do quadro tridimensional. A seguir, examino os impressionistas, onde se inicia um movimento de encontro à realidade da tela, que se radicaliza depois em variadas vertentes do modernismo, onde se encontra Duchamp. Tendo feito este percurso, examino o conceito de vanguarda de Bürger e sua relação com o que ele chama de práxis vital, o mundo fora do quadro ilusionista, que explico através da ideia de distração de Walter Benjamin. Aqui, sugiro pensar o ready-made como uma proposta de transposição da arte e sua teoria ao mundo "não-artístico" das coisas comuns.

Keywords