Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
UM CASO DE SÍNDROME HEMOLÍTICA URÊMICA (SHU): PROTOCOLO TRANSFUSIONAL DE EMERGÊNCIA COMO ABORDAGEM TERAPÊUTICA
Abstract
A Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU) é uma doença grave que afeta principalmente crianças entre 6 meses a 4 anos, podendo atingir adultos em qualquer idade. Caracterizada por trombocitopenia, anemia hemolítica, microangiopatia e lesão renal aguda conhecida como Tríade da SHU. A doença pode ser infecciosa ou idiopática, sendo a infecciosa a principal causa e de grande relevância epidemiológica, é causada geralmente pela Escherichia coli produtora da toxina Shiga-toxina (STEC). Outros microrganismos também podem estar associados com essa síndrome como a Shigella dysenteriae, Campylobacter, Aeromonas, Enterovírus entre outros. O consumo de alimentos contaminados, carne mal cozida e leite não pasteurizado é a porta de entrada da bactéria. A SHU também pode ocorrer através da administração de medicamentos específicos. Quando causada pela produção de STEC, essas toxinas adentram as células endoteliais principalmente dos rins e sistema nervoso central, interrompendo a síntese de proteínas nas células afetadas, isso acarreta uma disfunção endotelial, ativação e agregação plaquetária evoluindo para a formação de trombos. O diagnostico é laboratorial, através do hemograma e dosagem de creatinina e ureia, além da urionálise completa. Em 06/01/2023 recebemos em nossa instituição uma paciente do sexo feminino, 20 anos de idade, apresentando fraqueza, náuseas, tontura, febre e confusão mental. Exames laboratoriais: Hb de 5,1 g/dL, plaquetas em 11.000 mil/mm3, Urina: vestígios de bilirrubina e 220 cilindros hialinos. Foi prescrito protocolo transfusional de 05 UI de concentrado de plaquetas e 01 UI de concentrado de hemácias, após a transfusão a paciente apresentou reação alérgica leve, foi medicada conforme prescrição médica e estabilizada pela equipe. Acreditamos que a reação alérgica possa ter como origem sua patologia de base, porém realizamos protocolo para investigação de reação transfusional onde as medidas de prevenção para as próximas transfusões serão de leucorredução dos hemocomponentes e medicação antialérgica pré transfusão. O tratamento para SHU depende de sua gravidade, na maioria das vezes inclui suporte nutricional, controle da hipertensão e controle da plaquetopenia e daanemia. Casos mais graves que necessitam de suporte renal, a administração de antibióticos ainda é controversa, pois pode aumentar a liberação de toxinas piorando o quadro. A plasmaférese é um tratamento que pode ser usado em pacientes com SHU em situações graves. Na plasmaférese, o plasma sanguíneo é separado das células sanguíneas e removido do corpo. Em seguida, o paciente recebe uma infusão de plasma fresco ou substituto, o que ajuda a reduzir a quantidade de toxinas circulantes no sangue e a estabilizar a condição do paciente. Esse procedimento é usado em casos selecionados de SHU atípica ou formas graves da doença, especialmente em situações em que há envolvimento dos rins e risco de insuficiência renal aguda. É importante destacar que o tratamento da SHU deve ser conduzido por uma equipe médica especializada, e a plasmaférese é apenas uma das opções disponíveis para o tratamento dessa condição complexa. A paciente foi transferida para um hospital referência em nossa DRS, e após avaliação do caso a equipe optou pelaplasmaférese terapêutica e seguimento do tratamento. Não obtivemos maiores informações sobre o desfecho do caso. A prevenção é fundamental para se evitar a doença, a higiene pessoal e com os alimentos é essencial, é necessário que sigam pesquisas para o diagnostico precoce assim como o desenvolvimento de estratégias eficazes para o tratamento.