Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

PREVALÊNCIA DE BARTONELLA HENSELAE E RICKETTSIA RICKETTSII EM CARRAPATOS COLETADOS NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, CAMPINAS/ SÃO PAULO – BRASIL

  • Allisson Daniel de Carvalho Gusmão,
  • Luciene Silva dos Santos,
  • Gabriel Rabelo de Araújo,
  • Rafaela de Paula Silva,
  • Paulo Eduardo Neves Ferreira Velho,
  • Marina Rovani Drummond

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103571

Abstract

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Introdução: O gênero Bartonella é constituído por bactérias reemergentes e negligenciadas. A Bartonella henselae é a espécie mais associada a doenças humanas e pode causar bacteremia assintomática, febre de origem indeterminada e vasculites, além de manifestações típicas como a doença da arranhadura do gato, febre das trincheiras, angiomatose bacilar e endocardites. Os carrapatos, que são considerados o segundo maior grupo de transmissores de patógenos para animais e humanos, já foram associados à transmissão de Bartonella spp.. Estes aracnídeos são também os vetores da febre maculosa brasileira (FMB), doença com alta mortalidade e endêmica na cidade de Campinas-SP e região, causada pela Rickettsia rickettsii. A FMB é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pelo repasto sanguíneo de carrapatos. Pode cursar com máculas eritematosas, púrpuras, diarreia, dor abdominal e lesões no sistema nervoso central, pulmões e rins. É zoonose reemergente que tem o ser humano como hospedeiro acidental da R. rickettsii. Objetivo: Avaliar a presença, utilizando métodos moleculares, de B. henselae em carrapatos presentes em ambiente universitário e avaliar prevalência da codetecção natural por B. henselae e R. rickettsii, as principais espécies destes gêneros a infectar humanos, nos mesmos ectoparasitas. Métodos: Foram coletados, em um único ponto do campus, carrapatos adultos, que foram analisados por técnicas moleculares (PCRs convencional, de dupla amplificação e em tempo real). Resultados: Foi possível detectar DNA de B. henselae em 25 de 116 (21,5%) indivíduos e não houve detecção do DNA de R. rickettsii. Todos os carrapatos coletados no campus de Campinas da UNICAMP foram da espécie Amblyomma sculptum. Conclusão: A presença do DNA de B. henselae em um de cada cinco carrapatos coletados reforça a proximidade destas bactérias com os seres humanos e o possível subdiagnóstico da infecção frente à diversidade das manifestações clínicas causada por estas bactérias, inclusive em pacientes com quadro compatível com FMB. A detecção do DNA de R. rickettsii nos mesmos ectoparasitas não foi possível, porém a potencial codetecção ou mesmo coinfecção em carrapatos e em humanos por B. henselae e R. rickettsii e a relevância dos resultados obtidos exigem novos estudos na perspectiva One Health.

Keywords