Representação do conhecimento sobre arquivos deslocados

Abstract

O artigo aborda a questão dos arquivos deslocados, que são conjuntos documentais removidos dos seus contextos sociais e territoriais originários, gerando reivindicações pela sua restituição. Essa questão envolve não apenas a posse, mas também a representação do conhecimento sobre esses conjuntos documentais. O artigo utiliza a Estemática como método para analisar empiricamente o caso da Comissão da Fazenda do Distrito da Madeira e do Porto Santo, custodiado pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Portugal), e investiga como este fundo foi representado ao longo do tempo. O artigo explora a relação entre a Crítica Textual e a Arquivística, recorrendo à Estemática como uma abordagem para a representação do conhecimento em arquivos deslocados. Neste estudo, foram analisados diversos Instrumentos de Acesso à Informação (IAI) que descreveram o fundo CFMPS. O estudo concentra-se na fase de recensio, partindo da análise do metadado "título" atribuído às unidades de instalação, elemento extraído dos IAI e dos documentos originais. No entanto, apontam-se limitações na compreensão dos processos evolutivos de representação de arquivos disputados, atendendo o carater seminal deste estudo. A Estemática mostra-se relevante na identificação de metáforas e analogias nas representações dos arquivos deslocados, destacando seu potencial epistemológico para a Organização do Conhecimento em arquivos.