Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
OR-21 - RESISTÊNCIA ISOLADA A RIFAMPICINA EM CASOS DE TB EM PVHIV - DESCRIÇÃO DOS CASOS DA CIDADE DE SÃO PAULO
Abstract
Introdução: A tuberculose acometeu cerca de 10 milhões de pessoas em 2022, sendo responsável por cerca de 1,3 milhões mortes no mesmo ano. Um dos grandes desafios para controle da doença é a resistência (TBDR), sendo o mycobacterium tuberculosis o patógeno responsável pelo maior número de casos de resistência aos fármacos no mundo, com cerca de 500 mil casos ao ano. Dentro do cenário de TBDR a monoresistência a rifampicina (RMR) vem se destacando com um número crescente de casos, sendo responsável na nossa amostra por cerca de 28% dos casos de resistência. A infecção pelo HIV vem sendo descrita como um fator independente para a RMR, fenômeno ainda não bem compreendido. Objetivo: Descrever os casos de RMR associados a infecção pelo HIV nos pacientes atendidos no Instituto Clemente Ferreira (ICF) na cidade de São Paulo. Método: Foi realizado um estudo retrospectivo dos casos de TBDR com foco na RMR atendidos no ICF em São Paulo, entre 2017 e 2021 Os dados foram extraídos do SITE-TB, TBweb e dos prontuários físicos dos pacientes incluídos no estudo. Resultados: Foram analisados os prontuários de 76 pacientes com RMR, em tratamento no ICF entre o período proposto. A coinfecção pelo HIV foi observado em 15 pacientes 19,7% do total e 21,7% dos casos testados. Dos pacientes coinfectados 60% já tinham sido submetidos a algum tratamento prévio com exposição a rifampicina contra 28% dos pacientes não coinfectados ou não testados para HIV. A média de idade dos pacientes vivendo com HIV foi de 39 anos, dois anos a mais que o grupo RMR geral. Entre os pacientes vivendo com HIV, foi observado comparativamente uma proporção maior de pacientes em situação de rua e com história de abuso de drogas. Com relação aos exames diagnósticos, na população vivendo com HIV o TRM TB foi concordante com o exame fenotípico em 75% das vezes, já no grupo não coinfectado a concordância foi de 6%, essa diferença foi estatisticamente significativa com P < 00,1 apesar da diferença de tamanho entre os grupos. Entre os pacientes não coinfectados a cura foi alcançada em 65% dos casos contra 40% entre os PvHIV. Conclusão: Em comparação com os dados nacionais, para coinfecção HIV e TB, notamos um aumento da prevalência em pacientes com MRM. A maioria desses pacientes teve alguma exposição prévia a rifampicina e essa exposição intermitente pode estar associada ao aumento dos casos de monorresistência nessa população.