História (Nov 2021)

A Santa Sé e o serviço de proteção ao índio: as disputas entre a igreja católica e o estado pela tutela e gestão das populações indígenas

  • Jérri Roberto Marin

DOI
https://doi.org/10.1590/1980-4369e2021019
Journal volume & issue
Vol. 40

Abstract

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RESUMO Este artigo analisa as políticas da Santa Sé diante da criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e da legislação indigenista do governo brasileiro, que pretendiam excluir a participação de instituições religiosas, bem como diante das denúncias sobre Putumayo, no Peru. Nesse contexto, a Igreja Católica, o Estado e os positivistas lutavam pela tutela e pela gestão das populações indígenas, por recursos financeiros e pelo apoio da opinião pública. No centro dos debates, estavam o SPI, as missões salesianas, o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon e o padre Antônio Maria Malan. As ofensivas da Santa Sé procuravam assegurar a defesa dos interesses da Igreja Católica e o apoio e a colaboração do Estado. Para isso, a Igreja buscou apoio de setores do governo, de políticos católicos ou de simpatizantes, a fim de desarticular o SPI e seus inimigos ideológicos. Outras estratégias foram promover a expansão institucional, favorecendo o controle religioso da população e do território eclesiástico, por meio da interiorização de religiosos e da criação de missões religiosas e circunscrições eclesiásticas nas regiões onde havia grande concentração de populações indígenas. As fontes foram obtidas no Arquivo Apostólico Vaticano e no Arquivo da Sagrada Congregação dos Trabalhos Eclesiásticos Extraordinários.

Keywords