Cadernos de Saúde Pública (Aug 2003)
Sobre palheiros, agulhas, doutores e o conhecimento médico: o estilo de pensamento dos clínicos On haystacks, needles, doctors, and medical knowledge: the thought style of physicians
Abstract
Este artigo, o segundo de uma série, apresenta um estudo desenhado para avaliar como os médicos operam mecanismos para selecionar a informação relevante e/ou confiável dentre o que lhes é apresentado. Vinte e quatro professores de clínica médica de duas faculdades de Medicina relevantes no Rio de Janeiro foram submetidos a entrevistas abertas. O referencial conceitual adotado é baseado no trabalho de Ludwik Fleck (estilo de pensamento). O modo de pensar que emerge deste conjunto de entrevistas pode ser caracterizado resumidamente como uma busca amplamente intuitiva, pragmática, orientada a resultados, por informação relevante (isto é, potencialmente útil na prática), selecionada de fontes com suficiente credibilidade acadêmica e submetida a um primado do conhecimento prático. Apesar deste ceticismo, entretanto, os médicos carecem de recursos (isto é, tempo, conhecimento de aspectos técnicos da pesquisa, particularmente em termos de epidemiologia e estatística) para avaliar o conhecimento que os está continuamente alimentando à força.This paper, the second in a series, reports on a study designed to assess how physicians operate selective mechanisms to sort out relevant and/or reliable information from what is presented to them. Twenty-four professors of internal medicine from two leading medical schools in Rio de Janeiro, Brazil, answered open-ended interviews. The conceptual framework adopted is based on Ludwik Fleck's work (on thought style). The thought style that emerged from this set of interviews can be briefly characterized as a largely intuitive, pragmatic, results-oriented search for relevant (i.e., potentially useful in practice) information, selected from sources with sufficient academic credibility and submitted to a primacy of practical knowledge. However, despite this skepticism, doctors lack resources (i.e. time, as well as knowledge of technical aspects of research, particularly in terms of epidemiology and statistics) to effectively assess the knowledge that is constantly being force-fed to them.
Keywords