ID211 Perfil de dispensação de medicamentos para tratamento de Puberdade Precoce Central no Sistema Único de Saúde

Abstract

Introdução A puberdade precoce central é comumente caracterizada pelo desenvolvimento precoce da puberdade bioquímica e características físicas antes dos 8 anos de idade para meninas e 9 anos de idade para meninos. Tem um significativo impacto psicossocial, dada a aceleração da velocidade de crescimento e maturação esqueléticas. Considerada uma condição rara, é de 10 a 23 vezes mais frequente em meninas do que em meninos. Conforme a diretriz clínica elaborada pela Conitec, o tratamento é realizado com agonistas do Hormônio Liberador de gonadotrofina (GnRH), que inibem a secreção de gonadotrofinas hipofisárias e bloqueiam a evolução puberal. O objetivo do trabalho foi verificar a implementação da diretriz clínica para Puberdade Precoce Central por meio do perfil de dispensação dos medicamentos pelos pacientes com puberdade precoce central no Brasil. Métodos Foram utilizados dados sobre a dispensação de medicamentos de uso ambulatorial entre 2017 e 2021, extraídos pela plataforma Sala Aberta de Situação de inteligência em Saúde (SABEIS/SUS). A SABEIS, desenvolvida para atender as necessidades de informação direcionadas para a avaliação de tecnologias em saúde, une as informações do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, possibilitando a criação de coortes de acompanhamento por doenças específicas. Foram incluídos pacientes com diagnóstico de Puberdade Precoce Central, de acordo com o código da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10) E22.8 Outras hiperfunções da hipófise - puberdade precoce central. Foram realizadas análises descritivas por meio do software Excel 2010. Resultados Foram identificados 74.069 pacientes com Puberdade Precoce Central em tratamento com algum medicamento no SUS durante o período do estudo. A maioria dos pacientes era do sexo feminino (93%). A idade média dos pacientes era 9 anos (DP ±3,7). Foi identificado o uso de todos os medicamentos preconizados na diretriz clínica e de dispensação em todos os estados brasileiros, sendo que São Paulo, Paraná e Ceará foram responsáveis pelo maior número de pacientes atendidos. No período, a leuprorrelina foi o medicamento mais utilizado (87,5%), seguido pela triptorrelina (10,5 %), gosserelina (1,8%) e ciproterona (0,2%). Discussão e conclusões O perfil de uso dos medicamentos indica que a diretriz clínica está sendo implementada. O perfil de sexo e idade dos pacientes atendidos corroboram os achados da literatura. Dois medicamentos (triptorrelina e leuprorrelina) foram utilizados pela maioria (98%) dos pacientes. Em 2022, as diretrizes foram atualizadas para recomendar o uso semestral destes dois medicamentos, possibilitando maior comodidade posológica e contribuindo com o cuidado prestado a esses pacientes. Ainda, verifica-se que os dados da plataforma SABEIS podem ser uma importante fonte de informação para avaliação de desempenho das tecnologias e, consequentemente, sobre a implementação de diretrizes clínicas.