Revista Espaço (Dec 2016)
Ressonâncias da inclusão: a surdez como diferença – possibilidade(s) de mudança no contexto inclusivo
Abstract
Neste estudo, procuro evidenciar uma determinada discursividade sob a qual se efetuam a constituição do indivíduo surdo e a institucionalização da surdez, considerando que nunca somos autores do nosso próprio discurso, pois ele é uma amálgama de vários discursos em que estão impressos outros que o constituíram. Desse modo, a pesquisa é uma construção teórica resultante das tensões, das resistências, das escolhas que se efetuaram na trajetória de vida de quem a produziu e dos sujeitos que nela se narram. Objetiva localizar pelo/no discurso de uma surda sobre sua trajetória de vida o modo como têm se constituído a institucionalização da surdez e a fixação do sujeito surdo na norma ouvinte, destacando o papel central da escola. Recorremos à proposta genealógica de Foucault para trazer os saberes locais, desqualificados, e por meio deles chegar ao saberes qualificados e seus efeitos sobre a vida dos sujeitos surdos, conduzindo, assim, a três situações: a entrada no saber-poder da medicina – que traz a surdez como deficiência; a institucionalização da surdez nos desdobramentos das práticas de poder, como a ideia de normalização do indivíduo; e aquilo que, quem sabe, poderíamos chamar de escape ou “espaço de respiro” num “jogo” de adaptação e resistência.