Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
ÔMEGA-3 NA LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA: UMA REVISÃO DE ESCOPO
Abstract
Objetivos: A presente pesquisa faz parte de estudos pré-clínicos para avaliar a eficácia e a segurança do potencial terapêutico dos ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (n-3), no tratamento da leucemia linfocítica aguda (LLA), como estratégia na melhora do quadro clínico. A LLA representa 25% de todas as neoplasias infantis. Estudos in vitro e in vivo têm demonstrado que os n-3 EPA (ácido eicosapentaenoico) e DHA (ácido docosahexaenoico) podem desempenhar papel benéfico no tratamento do câncer, inibindo a proliferação ou induzindo a apoptose das células cancerígenas, intensificando a sensibilidade destas células a ação do quimioterápico, e suprimindo a caquexia. Esta revisão buscou identificar os tipos de estudos que contemplem a utilização do n-3 na LLA descrevendo a variabilidade nas respostas para abordagem do tratamento. Materiais e métodos: A revisão seguiu o protocolo PRISMA-ScR - 2018, e foi registrada no Open Science Framework (OSF). Foram consultadas as bases de dados eletrônicas Cabi Abstract, Clinical Trials, Cochrane Central, Embase, Lilac's, Food Science Source - FSTA (Food Science and Technology Abstracts) e PubMed, quanto a estudos originais, escritos em português, inglês e espanhol e publicados até fevereiro de 2023. Resultados: Dos 543 artigos encontrados, apenas 11 atenderam aos critérios: 7 ensaios experimentais in vitro e 4 estudos clínicos com humanos. Os estudos experimentais in vitro demonstram que EPA e DHA possuem ação citotóxica dose e tempo dependente sobre linhagens LLA específicas, induzindo apoptose por mecanismos semelhantes, através da ativação de p53 e caspase-3, e inibição da survivina; ativação da apoptose pela ação das enzimas fosfatase PP1 e PP2B, e inibição das enzimas polimerases nucleares, mitocondriais e topoisomerases; resultando em ruptura da membrana celular (EPA), a fragmentação do DNA (DHA). Clinicamente, n-3 demonstrou ação cardio e hepatoprotetora em relação a quimioterápicos específicos, por redução da peroxidação lipídica através do sistema antioxidante celular (SOD e glutationa), durante terapia de manutenção e de indução em pacientes pediátricos com LLA, sem prejuízo do tratamento. Conclusão: Os resultados sugerem que as pesquisas para uso de n-3 no tratamento de LLA pediátrica estão em estágio inicial, mas demonstram ter ação citotóxica apoptótica em algumas linhagens de LLA, de maneira dose e tempo dependente; e ação inibitória da citotoxicidade de alguns quimioterápicos específicos sobre células normais, sem prejuízo da quimioterapia. Há a necessidade de estudos sistemáticos para o entendimento mais aprofundado do mecanismo de ação do n-3 sobre LLA, e determinação da eficácia e segurança, sobre dose máxima tolerada e dose-resposta de n-3 quanto à redução da citotoxicidade dos medicamentos, sem comprometer o tratamento, e a identificação da proporção adequada de EPA e DHA na composição do n-3.