Cadernos de Saúde Pública (Jan 1996)
Assistência médica materno-infantil em duas coortes de base populacional no Sul do Brasil: tendências e diferenciais Maternal and child care in two population-based cohorts from southern Brazil: trends and differences
Abstract
Os padrões de utilização de serviços de saúde durante a gestação, o parto e o primeiro ano de vida foram analisados em duas coortes de mães e crianças, em 1982 e 1993. As coortes incluíram todos os nascimentos hospitalares ocorridos em Pelotas, Rio Grande do Sul, assim como o acompanhamento prospectivo de amostras de cerca de 20% das crianças. Reduziu-se o percentual de mães que buscaram atendimento após o quinto mês de gestação. O número médio de consultas pré-natais cresceu para 7,6. Os indicadores de assistência pré-natal foram significativamente piores para mães de baixa renda familiar e para aquelas com alto nível de risco gestacional. Em 1993, cesarianas foram realizadas em cerca de 31% dos partos, contra 28% em 1982. Os partos atendidos por médicos aumentaram para 88%. Mães pobres e de alto risco tiveram menores índices de cesarianas e de atendimento médico. As coberturas vacinais das crianças cresceram durante a década. O número médio de consultas das crianças, decresceu de 12,0 para 10,5, principalmente às custas da redução nas consultas preventivas. Embora a maior parte dos indicadores tenha mostrado progresso durante a década, os serviços de saúde seguem concentrando seus esforços nas camadas da população que deles menos necessitam.Two cohort studies of mothers and children (1982 and 1993) were used to document changes in health care utilization patterns. The cohorts included all hospital deliveries in the city of Pelotas, Southern Brazil, for the two years. Some 20% of the mothers and children were visited at home at a median interval of one year later. However, there was a reduction in the percentage of mothers seeking care after the fifth month of pregnancy. The mean number of prenatal consultations increased to 7.6. Prenatal care indicators were significantly worse for low-income and high-gestational-risk women. In 1993, caesarean sections accounted for 31% of deliveries. The proportions of deliveries assisted by medical doctors increased to 88%. Low-income and high-risk mothers were less likely to have a caesarean section or to be assisted by a medical doctor. Over half of the deliveries in the highest income group were caesareans. Vaccine coverage at 12 months increased over the decade. Socioeconomic differentials were also observed. The mean number of medical consultations during the first year of life decreased to 10.5, mainly due to a drop in preventive care. Although most health care indicators improved over the course of the decade, health services are still biased towards those who least need them.
Keywords