REVES - Revista Relações Sociais (Oct 2018)
SOCIABILIDADES, TRABALHO SEXUAL E AUTONOMIA NO CONTEXTO DAS GRANDES OBRAS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Abstract
Neste texto apresento alguns dados parciais e reflexões teóricas referentes ao trabalho de campo que foi realizado durante os meses de junho de 2014 e novembro de 2015. Os dados foram coletados por meio de entrevistas em profundidade aplicadas a doze prostitutas em um contexto privilegiado pela observação direta e, também, pela abordagem etnográfica que foi realizada nos locais de trabalho das mulheres. Objetivando preservar a identidade das entrevistadas, adoto nomes de flores para identificá-las neste texto. Na modalidade de trabalho sexual exercida nos bares de prostituição do contexto pesquisado, as prostitutas declararam ter encontrado na prostituição possibilidades de negociações e de ganhos econômicos inexistentes no mercado de trabalho formal. Por exemplo, flexibilidade em termos de jornadas de trabalho, possibilidades de ganhos econômicos (principalmente entre as mais jovens) e mobilidade social impossíveis de se alcançarem através de outras atividades profissionais relegadas às mulheres dos estratos sociais subalternizados do Brasil. A amostra analisada não corresponde ao número total de trabalhadoras sexuais entrevistadas na consecução da pesquisa de campo do doutorado em Sociologia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Priorizei aqui a compreensão e, sobretudo, a visão que as entrevistadas compartilham em relação à referida atividade ser profissional, embora não seja regulamentada e apesar de não haver, no município de Porto Velho, mobilização de trabalhadoras sexuais em torno de coletivos políticos, as mulheres têm esse entendimento. Pode-se concluir que, em suas práticas, as trabalhadoras sexuais estabelecem relações personalistas (com seus clientes e dono/as de estabelecimentos) onde parece haver margens seguras para a oferta de serviços de natureza sexual e negociação de seus agenciamentos corporais.
Keywords