ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE COMO MANIFESTAÇÃO CONCOMITANTE À TIREOIDITE DE HASHIMOTO: UM RELATO DE CASO

Abstract

Introdução: A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune em que ocorre destruição do parênquima tireoidiano por meio de processos imunomediados, gerando hipotireoidismo. Sua incidência é 10 a 15 vezes maior em mulheres do que em homens. Tal fato, aliado à maior susceptibilidade da população feminina a doenças autoimunes, revela a possibilidade da associação da tireoidite de Hashimoto a outras manifestações de natureza autoimune, como a anemia hemolítica autoimune, caracterizada pela ação de anticorpos contra hemácias. Na literatura atual, constam poucos relatos da associação de ambas as doenças, o que justifica a importância do presente estudo. Objetivo: Relatar um caso de hemólise causado por tireoidite de Hashimoto em paciente de 35 anos previamente hígida. Método: A pesquisa foi realizada com base em dados fornecidos pela participante da pesquisa, bem como revisões em exames e laudos disponibilizados pela paciente. O contato com a participante foi realizado após a alta. Relato de caso: Mulher, 35 anos, com diagnóstico de tireoidite de Hashimoto, em tratamento com uso de Puran 50mg, queixou-se de astenia associada a queda de cabelo, dispneia aos grandes esforços e fadiga há 1 ano. Procurou atendimento médico após dispneia enquanto limpava a casa associada a icterícia e mucosas hipocoradas. Durante o atendimento médico foi realizado exames de sangue que constataram anemia, porém recebeu alta com recomendação de hidratação. No mesmo dia a paciente foi atendida em outro hospital, devido a persistência dos sintomas, quando foi internada em decorrência de valores de hemoglobina de 2.8 g/dL e anticorpos Anti-TPO de 1300 UI/mL ao exame de sangue. Durante a internação foi tratada com transfusão sanguínea e pulsoterapia. Após a alta, faz o tratamento com uso de Puran 50mg, Predinisolona 20 mg 3× ao dia e Ácido fólico 5mg e com 15 dias de alta, valores de hemoglobina atingiram 12 g/dL. Discussão: Na literatura, é possível evidenciar a associação da tireoidite de Hashimoto com outras manifestações ou doenças autoimunes. Apesar de rara, a anemia hemolítica autoimune é uma possível manifestação. O presente caso é um exemplo desse fenômeno, já que a paciente apresenta um quadro clássico de tireoidite de hashimoto e durante o tratamento apresentou uma variável de doença autoimune com a manifestação da anemia hemolítica sem qualquer fator desencadeante. Conclusão: Em suma, a documentação de casos em que há associação da tireoidite de Hashimoto com a anemia hemolítica autoimune é capaz de orientar profissionais da saúde a prever a possibilidade de quadros de hemólise durante o tratamento da doença tireoidiana. Assim, o tratamento do paciente pode ser otimizado, como foi feito no caso relatado, e complicações são possivelmente evitadas.