Raído (Jan 2016)
Reprodução, de Bernardo Carvalho: uma fala desordenada como representação da instabilidade do real
Abstract
No romance Reprodução (2013), de Bernardo Carvalho, por meio das falas fragmentadas dos personagens em cena, apresentam-se flashes de um mundo pautado pela incompreensão e incerteza. Ancorando-se principalmente nos estudos de Erich Auerbach (2001) e Tânia Pelegrini (2007) sobre os novos modos de realismo – suas reelaborações – nossa atenção se volta, neste artigo, para as novas configurações de feição realista que, por meio das suas especificidades narrativas, conseguem construir uma pseudorrealidade asfixiante, punk, que faz o leitor se aproximar de um eu totalmente esfacelado, vítima de uma superexposição de informações veiculadas pela internet. Como veremos, em Reprodução a história é contada de forma direta pelas falas do estudante de chinês e do delegado da polícia federal, como se fosse, de fato, a própria realidade, tornando-se persuasiva e ao mesmo tempo um painel renovado da sociedade atual.