Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
VARIABILIDADE GENÉTICA E DISSEMINAÇÃO DE CLONES RESISTENTES AOS CARBAPENÊMICOS EM ENTEROBACTERALES ISOLADOS DE UM HOSPITAL DA REDE PÚBLICA DE RECIFE-PE
Abstract
Introdução/Objetivo: As bactérias da ordem Enterobacterales resistentes a carbapenêmicos estão envolvidas em Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), tais isolados de um mesmo hospital podem ou não estar envolvidos clonalmente, uma entre diversas técnicas de detecção de clones é a ERIC-PCR (Enterobacterial repetitive intergenic consensus – Polymerase Chain Reaction), capaz de identificar clones dentro de um mesmo hospital. O presente trabalho objetivou investigar a variabilidade genética e a presença de clones resistentes aos carbapenêmicos entre isolados clínicos de diferentes espécies de Enterobacterales dentro de um hospital da rede pública de Recife-PE. Métodos: Foram obtidos 45 isolados resistentes aos carbapenêmicos entre 2021 e 2022, o perfil de susceptibilidade antimicrobiana foi determinado através do equipamento automatizado BD PhoenixTM. Foi realizada a tipagem molecular. Após a extração do DNA total das bactérias, foi determinado a variabilidade genética através da técnica de ERIC-PCR, seguida de análise de dendogramas. Resultados: Foi identificada heterogeneidade genética em todas as espécies da ordem Enterobacterales analisadas. Nas 19 cepas de Klebsiella pneumoniae foram identificados 14 perfis clonais diferentes e dois perfis compostos por clones com 100% de similaridade genética. Um desses clones KP-E2 (K40-A5 e K41-A5), estava presente em pacientes distintos internados na mesma UTI (Unidade de Terapia Intensiva), enquanto outro clone KP-E1 (K3-A5 e K4-A5) estava presente em um mesmo paciente, porém em amostras distintas. Com relação à Serratia marcescens, oito cepas apresentaram três perfis clonais heterogêneos e dois compostos por clones. As outras espécies envolvidas no estudo (Proteus mirabilis, Providencia stuartii, Providencia rettgeri e Enterobacter cloacae) também apresentaram heterogeneidade genética. Todas as cepas foram resistentes a um ou mais carbapenêmicos. Conclusão: A alta variabilidade genética das espécies de Enterobacterales, principalmente K. pneumoniae e S. marcescens, descrita no presente estudo, e a presença de clones infectando diferentes pacientes, indica variadas fontes de contaminação no ambiente hospitalar. Como também a capacidade dessas cepas em sofrer mutação e recombinação, fatores que aumentam a variabilidade genética. Todas as espécies e isolados de Enterobacterales foram MDR (Multidrogarresistente), o que dificulta a antibioticoterapia.