Ágora (Jan 2007)
A “pura liberdade” do poeta e o historiador
Abstract
Como se deve escrever a história de Luciano de Samósata, considerado o único “tratado” sobre a história que nos foi legado pela Antigüidade, constitui, na verdade, um panfleto contra os historiadores romanos das Guerras Párticas. Nele, a relação entre poesia e história é tematizada, não todavia de uma perspectiva mera-mente estilística ou literária, mas tendo em vista que o apelo a qualquer tipo de ficção (pseûdos) frustra a expectativa de que a história seja “justa”, fazendo-a abandonar o “verdadeiro” para incorrer em reles “adulação” dos poderosos. É porque a história está relacionada com a política que, nela, o apelo ao ficcional tem conseqüências pragmáticas, não gozando o historiador, portanto, da “liberdade pura” que se concede ao poeta. Este artigo analisa o conceito de “liberdade pura” (ἄκρατος ἐλευθερία), que remonta a Platão, para determinar a função que exerce na teorização de Luciano sobre a história..
Keywords